quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Bons Tempos

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Pesadelo

Hoje, acordei e falei ao telefone
Rezei para que estivesse num sonho
E para que alguma esperança houvesse
Mas não estava num sonho nem jamais estive

Num sonho: Steve estava ao telefone comigo, atento,
Combinando um jogo de squash
Num clube classe A, no muro externo, um grafite
Um grafite 0,5, que jamais fora arte
Nem diamante, nem parte, nem lápis

Mas de volta a vida, não havida sonho,
Pesadelos meus que não acabam
Pesadelos em que não sou perdoado
Erros meus irreversíveis
Setas em meu peito perfurado
Envenenadas e frias, invisíveis

Em chorosos passos atordoados
Quis voltar à minha cama, quis fugir,
E quis durmir, para sonhar
Que estava na minha cama
A sonhar, que estava na minha cama,
A sonhar, que estava na minha cama,
A sonhar que, enfim, montava uma tartaruga
Que sonhava, estar em sua cama
A sonhar, que estava em sua cama
A sonhar, que estava em sua cama...


Diogo Bardal - 07/10/2007

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

domingo, 30 de setembro de 2007

Taxman

O governo bem que poderia anunciar mudanças na sua estratégia propagandística. Em vez de colocar mensagens subliminares nos banners do sítio do governo federal, e de falar de amenidades na Hora do Brasil, poderia ter um vínculo mais afetivo com o cidadão.
Imaginem se ao depositarem R$50,00 numa agência bancária, o homem recebesse um telefonema musical do governo no seu celular:

“Should 0,38 per cent appear too small,
Be thankful I don't take it all.
'Cause I’m the taxman,
Yeah, I’m the taxman.
(if you drive a car, car;) - I’ll tax the street;
(if you try to sit, sit;) - I’ll tax your seat;
(if you get too cold, cold;) - I’ll tax the heat;
(if you take a walk, walk;) - I'll tax your feet.”

Embora se pudesse acusar a voracidade fiscal do governo, não se poderia dizer nada, ao menos, sobre sua falta de bom humor.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Yeah, so...

"to catch you up on places I've been"

http://www.fotolog.com/ricardo_mito

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

A crise chega a cozinha

Era fim de tarde, o chefe chega ao seu subordinado e diz:
-Olhe, a questão é a seguinte. Como estamos falidos e não há caixa, o pagamento do passivo trabalhista dos funcionários será feito em panelas. Vamos ser pagos em produção, são decisões dos diretores, o seu carro tem porta-malas grande?
- Panelas?! Gritou o funcionário espantado. – A crise chegara nele - Ele não fazia outra coisa no trabalho a não ser ver panelas. Era panela aqui, frigideira ali. Sua mulher, graças a deus, não gostava de cozinhar,e, portanto só via uma bandeja de vez em quando, quando ia esquentar algum congelado. Agora ele chegaria em casa com aquelas panelas, e ela ficaria achando que era ofensa. Onde já se viu trazer panelas para uma mulher que trabalha, e não cozinha porque não sobra tempo? Corria o risco dela bater com as panelas em sua cabeça. Não sabia o que fazer. Teria que vender panelas para conseguir dinheiro e pagar as contas. Mas onde venderia, na rua?
- É a crise na Ásia, é a gripe na Ásia, são os brinquedos Asiáticos. Reclamou. É a globalização! Botemos a culpa nessas coisas. Se ao menos a globalização deixasse a Ásia de fora, sobraria ainda “algum” para o Brasil, e nós não estaríamos na situação em que estamos.
- Deixe disso! Nós brasileiros sempre temos o hábito de botar a culpa nos fatores externos, quando na verdade nós temos nossos próprios problemas de competitividade. Nossa empresa faliu porque faltou planejamento estratégico, benchmarking, balanced scorecard, entende? Não foi por causa dos chineses, nem dos americanos, nem do grande capital.
- Pois então, essa noção de sucesso e fracasso pessoal, é uma invenção desses americanos também, que querem fazer tudo de errado pesar somente em nós mesmos.
- Mas este hábito está no DNA... não?
- Está bem, agora me responda. O que vou fazer com essas panelas?
- É a pergunta que o pessoal de vendas vinha fazendo também. Desde que nossas vendas caíram, nossos resultados passaram a ser negativos e a empresa está falindo, agora eles nos dão este problema e temos que vender uma mercadoria desprestigiada. Hoje, com a modernidade, com as mulheres que não cozinham por obrigação, e ainda trabalham, as panelas perderam muito de sua utilidade. Quem vem ganhando muito são os fabricantes de potes para microondas e de bandejas.
- Mas nossos produtos são tão bons, inoxidáveis, com um design interessante, não há possibilidade das pessoas comprarem só para enfeitar a casa, como fazem com os liqüidificadores?
- Veja, esta pode ser uma boa alternativa, mas não sei se panelas seriam um artigo de luxo muito cobiçado. Para a minha mãe, que deus a tenha, até era. Por muitas vezes ela reclamava que odiava cozinhar com aquelas panelas queimadas, todas pretas e gordurosas, que se precisava ficar esfregando palha de aço. Quando ia nessas lojas de departamento, seus olhos brilhavam com qualquer utensílio de cozinha. Hoje não, hoje está tudo mudado. Eu trabalho aqui há 30 anos, meus salários até hoje sempre foram pagos em moeda, e mesmo sob a hiperinflação!
- Hoje está tudo mudado. Sabe quando vemos nos museus aqueles artefatos dos índios, ou de qualquer outra civilização, e achamos curioso? Acho que um dia essas panelas do meu porta-malas estarão em algum lugar como esse, e algum guia irá dizer: “vejam, estas são panelas teflon, muito utilizadas para fritar ovo, um alimento que se comia antes dos comprimidos”...
- É. No futuro os apartamentos nem cozinha vão ter, quanto mais panelas, quanto mais qualquer coisa que minha mãe não viveria sem. Vai ser uma loucura.
- Loucura não. Na verdade será uma vida normal, só que sem cozinha, sem panelas. As panelas não são tão necessárias assim. Riu-se.
- Acho que estou começando a achar a verdadeira causa da falência desta empresa.
- Eu também.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

City Lights

"something in the way that blue lights on a black night can make you feel more"
MAYER, John.
Poetas sempre falaram da lua em seus poemas, e não poderiam fazer outra coisa.

Se há algo de mágico na Lua é que é o único corpo a emanar luz quando tudo está escuro; e como a poesia é anterior à luz elétrica, era impossível não focar seu olhar no detalhe dentro da imensidão negra.

(acredito, até, que a ida do homem a lua nada tem a ver com corrida espacial; ninguém que tivesse a chance de ir até lá poderia deixar passar, e acredito que governantes pensaram: reforma na previdência nada! a gente pode ir para lua!)

Eu não tenho nada de especial com a lua, mesmo tendo certeza que algumas das imagens mais bonitas captadas por meus olhos foram da lua.

O que me comove, mesmo, são as luzes da cidade. Talvez por ter vivido sempre na cidade grande, talvez por gostar das cores, mas acho que não dá para não reparar nos detalhes dentro da imensidão brilhante.

As luzes da cidade representam todo o desenvolvimento humano na Terra, a capacidade de criar que o homo sapiens sapiens teve, e tem, e utiliza até hoje, para criar o que a natureza não o fez, dominar o lugar que lhe é hostil. E a beleza das luzes dos prédios, das torres, antenas e janelas está, como na Lua, no seu mistério: todos sabemos o que têm lá, mas não sabemos como é feito direito, como viemos parar aqui.

Lembro de um amigo dizer que, quando estamos na cidade, ao invés de ver o mar, o pôr do sol ou as montanhas, vemos prédios e achamos bonito. Não poderia ser diferente - as luzes da cidade são a arte espontânea, que não é planejada para ser arte, mas que, como o pôr do sol, é pos si só impressionante, mesmo sem querer sê-lo.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

"I'm Bold As Love"
HENDRIX, Jimi.

Dirigia. Minha sobrinha olha para mim, encosta no meu rosto e em seu dedo fica preso um cílio.

- Faz um pedido!

Em milésimos de segundo me lembrei da minha senhorita. Páro no farol e peço para que fique comigo para sempre.

Encosto o dedo no dedo de minha sobrinha, e quando desgrudo, vejo que o cílio não prendeu no meu.

- Ah, ganhei!

Passou pela minha cabeça todos os infortúnios do futuro, tão improváveis como a validez da brincadeira.

Horas depois percebi, vendo minha sobrinha um tanto fez com um sorvete-de-palito, meu erro: ninguém dura para sempre.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

O amor Venceu

Fazia horas que ela estava, de pé, segurando aquela bandeira de um empreendimento imobiliário num bairro nobre da cidade. Nobre é modo de dizer, pois a estratégia de fazer o bairro virar chique, de pessoas sofisticadas, era uma farsa das próprias empresas de construção civil. O bairro tinha espetinhos e botecos espalhados pelas esquinas, tinha cortiços e casas de prostituição.
Segurava a bandeira com uma força mínima, inercial, e com suas outras três colegas, que escutavam música no fone de ouvido. Duas ficavam numa rua, duas noutra. Sempre vemos algo como isso na rua, é uma tentativa de divulgação um pouco medieval, porque os fidalgos de outrora também seguravam suas bandeiras em frente a seus castelos. Pode ser até que a divisão de marketing tenha tido o objetivo de provocar essa imagem, meio de fidalguia. Não há como negar também que aos preços que as unidades são vendidas, fidalguia não é senão pré-requisito entre os consumidores.
Toda a cena que se figurava ali, naquele local, era irritante, vazia como tem sido sempre esta vida em que cada quarteirão é um pedaço do bairro, um outdoor e um evento artificial e forçado, ao mesmo tempo. Havia dias em que ninguém ia ver o apartamento decorado, havia dias em que o corretor não vinha. Aquele quarteirão, em que as bandeiras tremulavam, era um templo dedicado unicamente à inutilidade, quando não era dedicado ao comércio, logicamente.
E não ela, nem ninguém, mas algo, olhava aquela cena. Alguma nuvem, certa quantidade de ar, que chamariam provavelmente de Deus, Deuses, Acaso, Fortuna. Aquele algo que olhava aquela cena como quem passava apenas o tempo, entediado, e desejava, ou melhor, sabia, que aquilo não era só “aquilo”.
Exatamente. Não era só aquilo, não podia ser. Todo aquele espaço, todas aquelas pessoas com uma ou outra esperança, um sonho aqui ou ali, simplesmente não era possível que fosse só aquilo. Ficava cada vez mais inquieto, com o passar dos minutos, com o soprar dos ventos. Um pouco em vão, se poderia dizer. Ao que tudo indicava, era aquilo mesmo, não importa o quanto se esperasse que fosse outra coisa.
Foi aí que, por teimosia de quem olhava, ou por milagre, não se sabe dizer, um homem que passava pela rua, ao cruzar toda aquela artificialidade, nota que nas mãos daquela moça, em silêncio, havia um livro cujo título era “o amor venceu”. Seu pensamento pára por um instante, e aquela frase lhe entra como uma injeção na farmácia. De repente aquela frase lhe pesa em todos os acontecimentos da sua vida, desde que nasceu, até pouco tempo antes de ter saído de casa, quando sentava no sofá e comia salgadinhos. Repetia em sua cabeça aquela frase “O amor venceu” como um mote, um grito de torcida. Como se uma torcida inteira gritasse roucamente aquele título ao seu ouvido.
Mas o que houve para o amor ter vencido? Não se sabe, venceu. E no meio a toda aquela insensatez, e todas as outras coisas que acontecem na cidade, e em meio a todas as personalidades gelatinosas das pessoas, que não mais se importam com um pingo de vitória do amor, ele, que andava ainda extasiado, entendeu que contra tudo e contra todos, o amor tinha vencido, e agora era irreversível. Passou o resto do dia contente.
Aquele acúmulo de ar, que assistia a tudo, não pêde deixar de se sentir satisfeito. Realmente não era só aquilo, jamais poderia ter sido. De repente, sentiu-se tão inflado , quanto o homem passante, ao constatar que naquele quarteirão havia um mundo em que era nada, e um mundo em que era tudo, e aquele quarteirão era os dois. Ele sorriu e foi preparar uma chuva merecida para o fim da tarde, com direito a trovoadas e tudo.
A moça que segurava o livro olhava para aquela capa com desprezo. Se tivesse dinheiro, teria comprado um livro de sua escolha. Pegara emprestado de um amigo para passar o tempo. Horas antes, no começo da jornada de trabalho, uma de suas amigas perguntou:
- E este livro aí que você está segurando, é bom?
Ela respondeu um pouco decepcionada:
- Não, parei no terceiro capítulo.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Românticos e Realistas

Sempre ouvimos de alguém numa discussão: "ah, estou sendo realista", como se isso desse ao sujeito alguma espécie de superioridade moral. O conhecimento da realidade, seja por pensamento ou por vivência empírica, só pode ser a ilusão dos mais tolos, já que, ao que tudo indica, não é possível sentir, ou conhecer, uma realidade objetiva, algo que exista independentemente do olhar humano, e está ali, diante de nosso nariz.

O humano tem a danação eterna de nunca poder entrar em contato direto com a realidade, isso se ela existir. Ele pode apenas apreendê-la, no entanto, que parece-me ser suficiente. Alguns poucos ainda, além de apreender a realidade, conseguem criá-la. E esses são os que sonham.

Fernando Pessoa, diz: "Os realistas realizam pequenas coisas, os românticos, grandes. Um homem deve ser realista para ser gerente de uma fábrica de tachas. Para gerir o mundo deve ser romântico." "É preciso um realista para descobrir a realidade" (o que na minha visão não é possível, ou só é possível se for para gerir uma fábrica de tachas);"é preciso um romântico para criá-la."

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Friday

...and yet I have realised, wandering around the corridors of my brain, there is nowhere else I want to be but here, lying in the grass that covers my emptiness.



- Who wants to go out to drink tomorrow?
- I do.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

umbigüo

(no mcdonald's, a minutos de uma sessão no reserva cultural)
- A gente tá bem em cima do cinema, né ?
- Não, o cinema fica aqui do lado, atravessando a rua.
- A hora. Eu quis dizer em cima da hora do cinema.

Ana Paula de Oliveira

Todos sabem que a próxima revista Playboy terá uma foto bem grande da árbitra/bandeirinha Ana Paula de Oliveira na capa.

E todos os meios de comunicação relacionados ao futebol colocam em questão se ela deveria ou não posar nua. Várias questões, principalmente de cunho porfissional - como se ela vai perder autoridade dentro do campo ou até sua expulsão do quadro de juízes da FIFA - foram levantadas, mas ela não quis nem saber, e embolsou os $500 mil + $0,50 por revista comprada para mostrar suas formas, que já haviam sido apresentadas de forma bem mais discreta na revista VIP.

Uma coisa é fato: ela não é uma mulher bonita "nível Playboy". Não estou falando que ela é feia, longe disso, mas convenhamos que ela não é tão bonita quanto atrizes, modelos, e mesmos ex-BBB's que normalmente aparecem na capa.

A grande vantagem da bandeirinha é o meio em que trabalha. De fato, se você é homem no Brasil, você gosta de futebol, de alguma forma. Excessões existem, claro, mas é impossível você nunca ter se relacionado com o futebol de alguma forma, e o futebol não ter uma influência forte sobre sua vida.

Futebol sempre foi coisa de homem, e geralmente uma coisa que disputa a atenção do homem com suas prioridades e muitas vezes com sua mulher. Futebol e mulher, por muitos aspéctos, sempre, se não são excludentes, são no mínimo conflitantes.

A Ana Paula de Oliveira vai personificar ouma vontade antiga, principalmente para quem é mais velho do que eu: a mistura de futebol com mulher (e a melhor parte do conceito mulher, relacionada à sacanagem).

É por isso que ela atrai tanta atenção. O fato dela posar nua não denigre a imagem do futebol ou das entidades maiores do esporte - que, de fato, imagem que ela sempre ajudou a melhorar com sua aparência agradável dentro de um lugar marcado por emoções, suor e conflito - todos relacionados ao sexo masculino.

A Playboy dela não é um ataque, é uma benção.

Sem contar o lado dela; ensaios fotográficos desse tipo sempre são relacionados à diminuição da imagem da mulher, mas no caso da Ana Paula é quase uma recompensa. Tornou-se uma profissional conhecida pela sua capacidade e sua competência dentro do seu trabalho, tanto que não é uma má-bandeirinha. É legal imaginar que uma mulher pode ganhar fama pelo seu trabalho, e aí sim usar sua fama para ganhar bastante dinheiro.

E, diga-se de passagem, depois dela só vão faltar a Gisele, a Ivete e a Sandy...

domingo, 24 de junho de 2007

Dilemas

Você está na pista de dança. Você, como todos seus amigos sabem, ganhou duelos de dança por todo o mundo. Foi elogiado pelos melhores DJs com apertos de mão, e na verdade aquilo nem é nada demais, pensa.

Trata-se de fazer aquilo em que se é bom.

No entanto, quando seus passos e seus movimentos, movidos por um groove fora de série, começam a ganhar embalo e prestes a chocarem a sociedade brasileira com tamanha beleza e sincronia, chega, não mais que de repente, intrépida, ela.

Passa, te olha. Uma, duas, três vezes.

Na quarta pára, fita-te na alma e dança como se te desafiasse arrogantemente. Seus olhos quase não enxergam aquele milagre divino, aquele sonho - imagem tão inesperada que seu cérebro demora para processá-la. Passa pela sua cabeça o impossível, de que talvez, o rei = você, teria encontrado finalmente a sua rainha, sua Dona Maria. E juntos, vós poderíeis ter o mundo aos seus pés, aos seus pés e pernas de tão bons reflexos motores. E vem a dança da perna-quebrada, do caminhoneiro, do técnico em Tecnologia da Informação, do fax, e vós fazeis o mundo mais indolor, e os outros mais invejosos, mais perplexos, mas mesmo assim mais gratos por terem nascido.

Ela não deixa a desejar: rebola de forma às suas formas moverem-se mais hipnoticamente do que dançarinas-do-ventre com cobras; inclina-se para trás, encosta o cabelo no chão, dobrando os joelhos e voltando em riste como se batesse palmas (e enquanto também).

Um momento para se registrar. Ela tira, uma, duas fotos sua para guardar para posteridade o dia em que a dança passou de uma arte menor para uma arte superior, como a literatura épica. Você, o Gene Kelly do Olímpo, já derretido e ainda sem saber explicar-se, ou explicá-la, começa um esforço de interpretação, como a do greco-arcaico da Ilíada.

E forma-se o dilema, pior do que os dilemas das piores tragédias gregas e portuguesas juntas.

Pior do que o do rei pensando se mandaria matar Inês, que era amada pelo seu filho: "deveria eu ir falar com ela?". Oh que dilema, Deus, que dilema!

Mas antes que a trama se desenrolasse e os conflitos internos de todo ser humano tomassem conta de você, ela vai embora, e passa como um anjo, como uma brisa, e nunca mais volta. Tão impressionante que se você ainda não sentisse o impacto do acontecimento em cada célula de seu corpo não acreditaria que realmente aconteceu.

Malditos dilemas.


(historia verídica em homenagem a um personagem que podemos chamar de "Namarra")

sábado, 23 de junho de 2007

Corvos

Queria escrever um poema insultando todos aqueles que jogam contra mim, assim na crocodilagem. Tanto materiais quanto imateriais. aí achei este poema do augusto dos anjos, que é insuperável. entretanto um dia uso como paradigma esse poema e escrevo o meu próprio.

ASA DE CORVO (augusto dos anjos) [-_-]

Asa de corvos carniceiros, asa
De mau agouro que, nos doze meses,
Cobre às vezes o espaço e cobre às vezes
O telhado de nossa própria casa...

Perseguido por todos os reveses,
É meu destino viver junto a essa asa,
Como a cinza que vive junto à brasa,
Como os Goncourts, como os irmãos siameses!

É com essa asa que eu faço este soneto
E a indústria humana faz o pano preto
Que as famílias de luto martiriza...

É ainda com essa asa extraordinária
Que a Morte — a costureira funerária —
Cose para o homem a última camisa!

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Tirinha

Só pra parar de falar dessa ocupação, q eu não tenho a mínima paciência para discutir sobre. E fico entre achar legal, por sempre achar legal quem toma atitude para qualquer coisa nesse país de merda; e achar uma bosta, por 95% dos que estão lá são uns vagabundos que não vão contribuir com nada para o país - e também na maior parte do tempo quero que esse país se foda, na verdade


É para pararem de falar nisso q eu vou colocar uma tirinha do niquel nausea do caraleo.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Ocupação IV

Com algum atraso e uma febre alta, continuo o levantamento de dúvidas sobre o movimento de ocupação. A dúvida é sempre boa, posto que podemos contribuir logo depois.

Em primeiro lugar, A) a universidade não é nenhum deus, ou dogma da igreja. O modelo utilizado no Brasil é plenamente constestável. O uso da universidade reflete uma estrutura de classe, em que os mais ricos buscam monopolizar e garantir fluxos de renda futuros, assim como postos melhores de trabalho, restringindo por meio de uma titulação (USP) o acesso a um capital cultural, digamos. Aqueles que garantem seus fluxos de renda garantem o lugar dos filhos deles nas universidades no futuro. Ela, portanto, contribui para a reprodução de uma estrutura desigual, e para o subdesenvolvimento do país. Duvide de quem peça mais dinheiro para as universidades, mesmo se ele disser que irá usá-la para democratizar o acesso, baseado em algum princípio de socialista utópico renovado sob o nome de auto-gestão.

B) A greve no setor público pede regulamentação. Desde a constituição não se regulamenta a greve, que deve atender também ao princípio da continuidade dos serviços públicos, e por isso nunca se pode estabelecer limites a ela, tampouco negociação oficial de aumentos de salários. Hoje, é tudo feito à margem da lei, e essa desorganização é prejudicial ao ajuste de interesses conflitantes.

C) Achei engraçado um amigo meu comentar, que nas assembléias, instâncias representativas estudantis era comum o fenômeno da "tratoragem". Tratoragem é quando por algum motivo escuso, as votações são atropeladas, pautas não são colocadas, reuniões atrasadas, e isso fica surpreendentemente explicítio e ninguém comenta. O método de fazer pequenas assembléias em centros acadêmicos e depois ir para as assembléias grandes não garante a ponderação, e o conhecimento pleno das informações, por sua vez não garante a democracia. Não há controles internos políticos suficientes para garantir que as decisões tomadas por aquele grupo sejam legítimas. E digo isso por experiência própria assistindo assembléias.

D) Uma universidade pública, gratuita e de qualidade é, sem dúvida uma demanda conscienciosa, e essa demanda tem substituído a da revogação dos decretos, já que as ambiguidades dele estão prestes a ser esclarecidas e ninguém quer perder a motivação de ocupara reitoria (repito que se a revogação ou qualquer outro benefício acontecer, será pela articulação política da burocracia da universidade, e de sua rede de contatos, com as instâncias políticas do governo). Universidade pública pressupõe-se regida por direito público, além de ter um propósito público, pensar no bem comum, não em interesses particulares. regida pelo direito público ela é. Gratuita ela já é. De qualidade dizem que é, embora eu discorde. Então o que pedem, uma continuação? Precisa ficar na reitoria para pedir uma continuação?

terça-feira, 5 de junho de 2007

Ocupação III

A ocupação deveria ser denominada invasão.

"Ocupar" é entrar em um lugar vazio, sem utilidade. A reitoria foi invadida, pois ela funcionava antes de entrarem lá.

Porque a desocupação só vai ocorrer na marra.

Eu acho que a ocupação só acaba quando a Tropa de Choque der o ar de sua graça.

Isso porque nada garante que, se uma assembléia decidir pela saída da reitoria, as pessoas lá de dentro irão sair.

Assembléias de alunos decidiram sair de greve; eu não acatei a decisão, e contra minha classe, vou à aula.

Quem está dentro da reitoria tem o mesmo direito - e asism, permanecer lá dentro.

Se pessoas não tem onde morar (e isso é uma coisa que reivindicam), qual seria a motivação destas pessoas de deixarem o local onde não pagam aluguel, água e luz? Por pior que seja, é muito melhor que nada.

E mesmo que o governo prometa mais vagas no CRUSP, prédios demoram para ser levantados.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Ocupação II

O Diogo disse que vai postar algo terça ou quarta, então vou escrever sobre um ponto que às vezes as pessoas não pensam, e que para mim é meio lógico, mas precisa ser explicado.

Porque a greve não funciona.

A greve, em si, é um mecanismo de imposição de perdas.

No século XVIII, os trabalhadores, em busca de aumento de salário e melhoria de condições de trabalho, recusavam-se a trabalhar, gerando assim perda de lucro e depois prejuízo a seus patrões. Teoricamente, quando os custos de pagar as reivindicações tornavam-se menores do que as perdas geradas pela paralização da produção, o patrão escolheria dar as reivindicações aos trabalhadores, simplesmente escolhendo o que custa menos.

Porém, na Universidade, essa estratégia falha em vários pontos.

Com a parada do ensino, quem perde com isso são os alunos, que ficam sem ver a aula, e assim deixam de aprender (entende-se que é isso que eles vão fazer lá). Mas os alunos não são os patrões; pelo contrário, são os consumidores. É como se os trabalhadores (professores e funcionários) fizessem alguma coisa (como jogar lixo no ambiente de trabalho) para prejudicar a si mesmos (já que são os alunos que saem de greve); ou prejudicassem o consumidor (contaminando secretamente produtos, por exemplo), e nem de longe causando perdas para o patrões[tá, pode-se discutir aqui que a contaminação de uma mercadoria faria com que ela parasse de ser comprada, prejudicando o patrão - mas o exemplo diz respeito ao momento em que não se descobriu ainda o que causa doença nas pessoas].

Tudo isso porque, na Universidade, os trabalhadores não geram riqueza (capital); eles geram conhecimento. E o chefe não paga, porque quem paga são os contribuintes, que em sua maioria não são beneficiados pelos gastos dos alunos na faculdade. Ou seja, o único que perde com a greve é o aluno, que deixa de usufruir da sua posição privilegiadíssima, quase parasitária.

E não perde só o conhecimento, como seu tempo.

Soma-se a isso o fato de que em todo mês de maio de ano ímpar acontece uma greve, fazem pelo menos 7 anos. Ou seja, um instumento já inoperante teoricamente é desgastado por ser mais rotineiro que o ano bissexto.

Por que os alunos saem de greve, então?

A resposta, para mim, é porque alunos de primeiro e segundo ano (em sua maioria) são engambelados pelos grupos politiqueiros parasitas (esses sim) da universidade. Esse é meu terceiro ano na faculdade, e minha segunda greve; meu professor está na faculdade a 5 anos e é sua terceira greve, e o que eu vi na primeira greve ele disse ter visto na passada: as coisas não mudam. Não mudam porque, quem ganha com a greve não são os alunos (vistos que o modo de ação descrito aqui nunca poderia dar certo), mas sim esses grupos politiqueiros, que vivem da arrecadação de dinheiro de sócios e precisa aparecer todo dia de matrícula e primeira semana de aula na porta de todos os prédios da FFLCH.

domingo, 3 de junho de 2007

Ocupação - I

Depois da cornetagem do Diogo, escreverei um pouco do que eu acho sobre a ocupação.

Primeiro, deixarei clara a minha ausência em qualquer debate sobre a ocupação, ou Assembléia ocorrida na reitoria - isso não desqualifica minha opinião, não só porque só a mentira a desqualificaria, como porque eu posso ter opiniões e não participar das decisões por acreditar que o modo que essas decisões são tomadas não são válidas (é o mesmo caso da pessoas que votam nulo). Mas não é isso que eu vou discutir hoje.

Meu professor, Eduardo Marques, explicou sua visão sobre o que aconteceu, pela ótica da politicagem (eu não concordo nem discordo, por não saber o que acontece nesse âmbito): para ele, grupos estudantis fora do DCE (que é o Diretório Central dos Estudantes) - muitas vezes partidários - resolveram tomar a ação de quebrar as portas da reitoria e instalar-se por lá, mesmo contra a vontade do DCE (institucionalmente, dos alunos, já que o DCE é o representante do alunos), para mostrar que o DCE é inoperante, caso conseguissem alguma coisa. Além disso, desqualificariam o DCE e começariam a tomar decisões atropelando o Diretório.

Já fazem mais de 25 dias, e os alunos ainda estão lá. A pergunta é: quando eles sairão?

Os alunos começaram a greve e instalaram-se na reitoria motivados principalmente pelos famigerados decretos do Serra, que tirariam a autonomia das Universidades públicas, já que os gastos feitos pela faculdade deveriam ser reportados para uma secretaria recém-criada, para que essa autorizasse os gastos. De fato, lendo desse jeito, é difícil não dizer que não existe uma brecha constitucional para que o Estado controle a Universidade.

Porém, os reitores das três Universidades (USP, UNESP e UNICAMP) pronunciaram-se dizendo que não acham que os decretos tiram autonomia da universidade.

O que os alunos queriam, ao entrar na reitoria, era uma posição da reitora sobre os decretos. Está certo que ela não dá uma posição quando diz que eles não afetam a autonomia, mas está certo que isso não é justificativa para a invasão de um prédio público. Se tirasse a autonomia da faculdade, a reitora provavelmente não é a favor dos decretos - se não tirasse a autonomia, ela não tem problemas com isso, e a resposta estava dada - aposto que nenhum estudante lá se importa com a posição pessoal da reitora.

Dentro da reitoria, os alunos consequiram para si o melhor amigo e o pior inimigo: o apoio de outros grupos políticos-estudantís com outras reivindicações. Melhor amigo porque apoio político é sempre bom; pior inimigo porque, como sempre acontece, a ocupação, como manobra política, perdeu o foco. Ninguém garante, hoje, que mesmo que o Serra volte atrás e rasgue os decretos, as pessoas sairão de lá. Isso porque são grupos instalados, e grupos que tem reivindicações diferentes e que não precisam fazer nada além de continuar lá; As primeiras reivindicações discutidas pela reitora foram em relação ao CRUSP (Conjunto Residencial da USP), o Bandeijão e os Circulares do Campus.

Tá, e os decretos?

Tá, e as pessoas ainda estão lá.

Hoje, tudo isso é coberto pela mídia, que nunca quis saber de estudante universitário - eles querem saber é da Tropa de Choque. Os alunos já estavam há mais de duas semanas na reitoria, e só quando a Reitora conseguiu a liminar de restituição de posse que a mídia foi para lá. A presença da mídia só garante que o choque não mate todo mundo, num re-make dos quadrinhos de Frank Miller, 300 do Butantã, porque a ocupação já foi muito mal noticiada pela Veja.

Eu não vejo como isso pode acabar rapidamente; e provavelmente não acabará democraticamente. Só que, para mim, o problema não quando isso vai acabar, mas sim que, mesmo quando acabar, a faculdade ainda terá seus dois problemas principais:

1- Ela é elitista e excludente.
2- Ela consome muito e não devolve nada para a sociedade.

Sobre o segundo problema, eu ouvi uma explicação razoável - nenhuma Faculdade da Universidade pode fechar contratos com nenhum CNPJ; ou seja, as faculdades, nem se quisessem, poderiam ter acordos com grupos sociais, sejam eles do segundo ou do terceiro setor. Esse é um problema institucional da faculdade.

O primeiro problema é o pior problema da faculdade, e são poucos os grupos que estão dispostos a discutir isso - e nenhum toma ações em relações a isso. Estou aberto à troca de idéias.

terça-feira, 29 de maio de 2007

A Taróloga.

Vendo sua bola de cristal, a taróloga, que havia abandonado o tarô há muito tempo, pois os clientes se sentiam um pouco assustados com o não raro aparecimento de uma carta chamada “morte”, tentava observar o futuro daqueles que participavam da ocupação da reitoria, na Universidade de São Paulo. Ela o fazia por curiosidade, o movimento era baixo e ela poderia se distrair (ambigüidade proposital). O pico de atividade, pelo menos para ela, era mais em setembro, não sabia direito a razão.
Mas enfim, a taróloga se formou num centro cigano de excelência, e tinha certa credibilidade. Havia rigor científico no que ela dizia, pelo menos mais rigor científico do que algumas pesquisas. Foi ela que solucionou, (secretamente), a polêmica sobre se o chocolate faz bem ou mal à saúde.
Ela ainda não via muita coisa. A visão estava um pouco esfumaçada, de serração, como quando ela viajava para ver a família no sul. Aos poucos, ela se clareia, e embora a bola de cristal não deixasse ouvir os sons (há filmes mentirosos que colocam sons nas bolas de cristal), podia-se dizer que havia barulho. Não sabemos explicar exatamente como funciona uma bola de cristal, é um mecanismo misterioso, mas não muito caro, se formos pensar.
Primeiro ela viu os ocupantes no tempo presente (a previsão se processa do presente para o futuro, e não vai diretamente ao futuro). Estavam sentados dentro da reitoria, decidindo questões burocráticas da organização da greve. A greve, no caso dos metroviários, é um bom instrumento de pressão, mas em se tratando de estudantes, professores e funcionários de uma universidade pública, se concedem uma reunião com o governador depois de um mês parados, há motivo para festa. O prejuízo no curto prazo de uma greve assim é irrisório, pois não é um serviço público vital. No longo prazo, no entanto, é o maior possível, principalmente porque é efeito adverso a diminuição da qualidade do ensino advinda de uma greve por ano, sem contar o número de questões administrativas importantes que passavam pelo prédio da reitoria, hoje ocupado. Falando em longo prazo, vejamos, pois é para isso que as tarólogas e os economistas existem, para nos dizer sobre o longo prazo.
Metade dos ocupantes, ela via, filiou-se ao PSDB, vinte anos depois. No futuro, eles escrevem editoriais ao Estadão dizendo que eles não esqueceram seus ideais, apenas amadureceram, e tornaram-se realistas. Dizem que o Estado tem mais é que manter a sua política econômica a favor do mercado financeiro, pois senão os investidores vão se sentir em insegurança jurídica, e vão tirar o dinheiro rapidinho. Também é preciso, dizem eles, fortalecer as instituições, garantir direitos de propriedade e acabar (sic) com a burocracia, publicizando, que, óbvio, é mais eficiente.
A outra metade se divide em três. Primeiro políticos típicos da esquerda européia, mas numa versão tupiniquim mais ridícula, em que se faz a mesma coisa que a direita só que com dor no peito e pena dos cidadãos. Além disso, alguns também entram em alguns escândalos com a polícia federal, pois a política econômica que favorece o mercado financeiro, também favorece, vejam só que surpresa (!), o envio de dólares roubados aos paraísos fiscais. A outra parte, bem, virou de professores universitários, ainda genuinamente de esquerda, que vão semanalmente a globonews dar palpite sobre a política nacional, de gravata borboleta. A terceira parte está ainda no movimento estudantil, comendo pipoca e guarda-chuvas de chocolate, sem saber se faz bem ou mal. A previsão então ia acabando.
A taróloga desligou a bola de cristal e ficou um pouco triste, pois em todos esses anos prevendo e re-prevendo com a ajuda dos poderes misteriosos da bola, esses instrumentos, no fim, assim como o tarô e as cartas da “morte”, nunca foram de fato necessários. Era como se ela soubesse o que iria ver sempre.

domingo, 27 de maio de 2007

FWD

(Diogo mandou eu voltar a postar, então estou aqui; vou tentar fazer alguma coisa)

Hoje estava em casa, quando minha mãe quis me mostrar um e-mail. Graças a Deus eu não faço parte dessa sociedade de e-mails, que passam piadas esdrúxulas e projeto audio-visuais de Power Point.

Mas minha mãe faz, e me mostrou um do Katrina. Uma mensagem piegas de como temos que viver nossa vida, e como estamos acabando com o planeta (infelizmente o descaso das autoridades pela região de maioria negra não foi retratada no projeto). Minha mãe achou lindo, como não.

Tentei pensar nisso, e só consegui chegar a uma questão: quem é o filho-da-puta que perde o tempo dele fazendo aquilo?

De certo não é menos filho-da-puta que eu, que estou escrevendo. Só que é mais filho-da-puta que eu por ficar mandando por e-mail para as pessoas!

E como o fato de você ver (e ler) dá crédito a mensagem. Na rua esse cara seria simplesmente um filho-da-puta.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Retiro o que ia dizer.

Já estava me preparando para fazer um elogio ao livre comércio, por ter visto hoje no supermercado uma Norteña (sabemos que se trata de uma cerveja uruguaia, acho que não preciso explicar) de um litro a R$5,89.
Este fato significa para mim, economista que sou, um ganho de bem estar de grande utilidade marginal.

Iria dizer que o livre comércio traz de fato coisas boas aos consumidores, mas que a custo dos produtores nacionais, ou do nosso próprio capitalismo.

Mas eu não vou dizer nada disso porque descobri que quem está distribuindo a Norteña no Brasil é a Ambev, então não tem nada a ver com dolar barato ou livre comércio.

È sem vergonhice de monopolista mesmo.

domingo, 6 de maio de 2007

Eu estive pensando um pouco na vida, tentando entende-la, saber o que é .Minha busca não tinha nada a ver com questões existensialistas, do tipo quem sou eu?para onde vou?Afinal eu já sei essas respostas. Eu sou eu , mesmo que nao goste, pra onde vou eu nao sei, e por que estamos nesse mundo nao importa, nós nao temos como sair mesmo. A reflexão sobre a vida que eu tive foi muito mais mediocre, eu so queria saber o que a vida é ou como é, não de maneira grandiosa, de maneira simples, e cheguei a uma conclusão. Conclui que a vida é "isso", pelo menos a minha é "isso", e se for "isso" tudo bem, acho que posso ser feliz assim.Porém quando ia terminar a reflexão nao pude dixar de pensar, mas é só "isso"? A vida que eu conheço me parece satisfatória mas ao mesmo tempo tão pouca, será que aqueles que viram gloria na vida exageraram nos seus relatos assim como uma pré adolescente contando pra amiga sobre seu carnaval no Guarujá. Eu me cansei de ser feliz só porque não tenho motivos para ser triste.
O problema é que não vou tomar atitude nenhuma quanto a minha revolta já que o "só isso" é a vida que eu conheço nao tenho armas pra lutar, se alguem tiver alguma sugestão...

sábado, 5 de maio de 2007

Elogio ao Ridículo

O rapaz abria a porta do carro, entrava, e lá estava seu amigo na direção. Cumprimenta-o, sauda-o. Com um sorriso mais para o bege, de quem está mais importado em ir logo jogar futebol do que em ficar conversando com seu amigo que chegara há pouco. Aquele, no entanto, era um dia diferente da mesma semana em que nenhum dos dois havia feito nada de especial. Era o dia de uma confissão. E quando confessasse aquilo nada mudaria no mundo. Nada faria a menor diferença. Era apenas uma verdade que os outros deveriam saber, uma verdade incontestável, dolorosa. Depois da saudação, um silêncio inicial antes que o assunto começasse pairou naquele carro, que fora quebrado após uns segundos:
- Alguém nesse mundo há de dizer o que eu direi.
- Por favor. No meu carro nunca ninguém nunca saiu do armário. Tenha paciência. Disse ele brincando, mas sem deixar de ser alerta, pois ainda que o risco fosse pequeno, era uma das últimas coisas que ele queria ouvir no caminho para o futebol.
- Não, não é isso. O que há de se dizer a esse mundo é que o ridículo é bom. O ridículo é o último reduto da humanidade. É nele onde se vê gente de verdade nesse mundo, que é como eu, que foge dos socos dos outros, que tem canetas estouradas nas camisas.
- Concordo, concordo. Quem quer esconder sua infâmia é menos gente. Você sabe que uma vez eu estava de visita na casa de uns amigos meus, aí nós estávamos tomando café da manhã. Quando preparam café da manhã para uma visita é uma enganação só. Parece que estávamos nesses comerciais de margarina, tudo lindo, tudo ótimo, comida à vontdade. E todo mundo sabe que não é assim que se toma café da manhã.
- Entendo.
- Pois então, acontece que estavámos numa conversa agradável, e alguém disse algo sobre ter viajado para a Itália, sobre ter ido a Milão e conhecido a cidade. Bem, eu não tinha prestado muita atenção na conversa, pois percebi que do outro lado da mesa havia uma cesta de frutas para comer. Olhar fixo àquela cesta, que tinha uma cara de ter frutas doces demais.
- Claro.
- Distraído, ouvi a mãe do meu amigo me perguntar: “Você conhece Milão, Claúdio?”. E eu, que nunca fui à Europa, respondi: “sim, conheço, claro. Minha avó sempre comparava para mim quando ia à feira, e de todos os tipos”.
- Que Gafe. -Riu-se o amigo-. São essas coisas que dão graça à vida. Isso e o tédio. Então nossa vida é um misto de ridículo e tédio.
- E há pessoas contra a eutanásia...
- Não, mas como eu disse, isso que faz a vida mais quente, aliás, ouso dizer que é por isso que as pessoas não querem morrer, pois no céu nem no inferno há ridículo. Se algum dia estiver eu em estado terminal, numa cama de hospital, viraria para o médico o diria: “não antes de assistir ao programa do Márcio Garcia!”.
- Este programa é genial. Verdadeiramente genial. Passo as tardes de sábado vidrado.
- Entre isso e assistir um filme iraniano, ou ler “Caros Amigos”, prefiro mil vezes isso. Duas mil. Ainda bem que na televisão colocam pessoas de bem para pensar nos programas. Eu sempre pensei naquilo que falam nas reuniões da equipe de produção, quantas idéias desperdiçadas.
- O nosso país tem algo de ridículo também. Veja o exemplo da corrupção com dólares na cueca.
- Só no Brasil. Aqui a política é humana, mas só neste sentido. Meu avô sempre reclama que os aumentos do salário mínimo não vão para os aposentados. È bem esperto esse governo, apertar aqueles que já estão de saco cheio de se mobilizar. Podem dar o argumento econômico que quiserem, mas não está direito.
O carro, vai parando, e o lapso de lucidez termina quando se pôde avistar a quadra onde iriam jogar, novinha, azulzinha. Os olhos deles brilhavam como se avistassem, crianças, as suas mães vindo-lhes buscar na escola. Naquele momento não poderia haver outra cena ridícula senão àquela.

terça-feira, 17 de abril de 2007

trabalhar = calar a boca e fazer.

domingo, 15 de abril de 2007

Sem Preconceitos

Eu desconfio de todas as pessoas que dizem não ter preconceitos. Por vezes ouço, em conversas nos corredores, alguém se vangloriando porque vai em festas GLS e por isso é muito liberal. Sinto uns choques no corpo quando, num determinado círculo social distinto, vejo pessoas dizerem que não tem problema algum com moradores da favela. A mim parece razoável que quando perguntarem se eu tenho ou não preconceitos, eu provavelmente vá responder: "não que eu me lembre, ou melhor, nenhum explícito neste momento".
Não é que eu seja cautelosamente fascista, sou até para padrões brasileiros, um progressista. Tento apenas manter a minha honestidade intelectual, por assim dizer. Corre por aí uma definição besta, de que preconceito é um pré-conceito. Não tem nada a ver. Se tenho um pré-conceito, assim que conseguir conceituar aquele objeto, através de minhas apreensões da realidade, substituo-o pelo "pós-conceito". No entanto não é assim que acontece, os preconceitos tendem a continuar mesmo depois de eu ver um baiano que não é preguiçoso, um homosexual que não é afeminado.
A rigidez dessas noções são reforçadas por estereótipos de várias ordens que se espalham por toda a sociedade, e logo, não há uma pessoa que não raciocine por meio de estereótipos, do contrário nossa velocidade de cognição seria equivalente a de processamento de um 486. Portanto, ninguém está isento de ter preconceitos, repito, ninguém está.

Agora o amigo aqui vai lendo e protesta: "eu tenho certeza que não tenho!". Ora, é melhor você pensar um pouco mais. Se está livre de preconceitos raciais, é já um grande passo, mas e quanto a preconceitos contra pessoas religiosas, crentes, ou quanto a pessoas de visão política conservadora, ou quanto aos amantes do pagode?

Há um espectro imenso de possibilidades de preconceito. Mais do que sua generosidade voluntariosa pode imaginar, mais do que seu progressismo de botequim conseguiria avaliar. Conseguir se livrar daqueles preconceitos mais tradicionais não significará sempre ter uma mente mais aberta que um senhor de escravos, seguramente. A lucidez de pensamento não aparece em nenhuma constituição, não é pedida em nenhuma lei, nenhum código, porém só ela poderá fazer uma sociedade mais aberta, visível e livre.

Dizer: "eu não tenho preconceitos" é uma forma de alienar-se, e assim alienado, envenenar as possibilidades infinitas de elevação da humanidade.

A razão pela qual as pessoas em dado momento, desejam se entregar a esses chavões, é porque perderam o gosto, perderam o gosto de ser livres e se sentir questionadas, instigadas a cada segundo por qualquer coisa que surja à frente, pela benção inestimável que é a dúvida e a crítica.

domingo, 8 de abril de 2007

(Carpe) Diem

Ontem, voltando para casa de manhã, pensei nisso.

Pensei como as pessoas interpretam mal essa expressão, ou como ela foi criada erroneamente.

Quando se pensa em carpe diem se pensa em aproveitar cada momento como se fosse o último, na busca de "- dor + prazer". Acredita-se que deve se aproveitar cada dia pois ele pode ser o último. É muito da história que o Diogo contou que a Andressa Campeão gostaria de ter "menos vergonha na cara".

Eu não entendo assim, aliás nem o Diogo, a quem empresto a pena em alguns trechos do post. Entendo que deve-se aproveitar o maior números de dias, de uma forma que seja agradável. De nada vale um dia de muitos prazeres se o próximo dia é de dor; de nada vale uma juventude de prazeres se você tem uma maturidade e um velhice prejudicada.

Carpe Diem é uma expressão que está ligada em primeiro lugar ao equilíbrio, depois ao chamado idílio, que em poesia, é como se fosse uma imagem que remete a um cenário pastoril, bucólico e extremamente carregado de lirismo.

Dá para perceber que isso não tem nada a ver com ir numa rave, ou se embriagar e ter uma overdose, não necessariamente nessa ordem. O Carpe Diem talvez esteja mais ligado ao conceito de qualidade de vida.

Parece-me uma coisa de vigarista, usar um termo latino que inspira sabedoria para justificar o oposto, digamos assim.

A verdade é que a vida continua, e pode acreditar que, mesmo que você morra de prazer, pode ter certeza que será o pior jeito possível de se aproveitar o dia.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Ontem

Hoje, o ontem já aconteceu.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Hoje, um dia qualquer

A idéia do suicídio estampou-se no meu pensamento.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Hoje, 3 de abril

Hoje pensei em me matar...

domingo, 1 de abril de 2007

Hoje

Hoje pensei em me matar...

Mentira.

sábado, 31 de março de 2007

Quadras ao gosto popular

seguindo a tradição já de fernando pessoa.

No quarto tenho um retrato
No rosto triste semblante
Tua ausência é pior maltrato
Que não tem atenuante

terça-feira, 27 de março de 2007

Grande Muralha

Más notícias: nosso blog não pode ser acessado da China.
http://www.greatfirewallofchina.org/test/


*vi esse site no updateordie.com

sábado, 24 de março de 2007

Versos para Colocar no Túmulo

Uma taça tantas vezes sorvida,
E alguns dias de privilégio.
Digam que amei a vida
Mas que a deixo como quem deixa o tédio

[tinha colocado um texto aqui ontem de madrugada. mas apaguei por não entender o propósito do que escrevi. talvez fosse um pouco de mau-humor, um pouco de sono. talvez o fato de eu precisar cortar o cabelo, sei lá.]

sexta-feira, 16 de março de 2007

O episódio do Xerox

O provessor perguntou se os alunos leram o texto que ele deixara na sua pasta no xerox. Os alunos então disseram que alguém pegara a cópia e não havia devolvido à pasta. Aí ninguém pôde tirar o xerox (-_-')(meu!). Pensei comigo: e a biblioteca?

Bom, foi bem feito, eu sempre propus que os textos de pastas no xerox ficassem em cor amarela, assim todo mundo ficaria sabendo quem foi o maldito larápio que vive roubando os textos do xerox para não ter que desembolsar alguns poucos reais. Seria uma forma de marcar esses chupins para a vida. Tomas More, em "a utopia" propunha que os prisioneiros fossem ornamentados com ouro, para que a população tivesse desprezo a esse metal precioso. Achava ele que com isso a ganância ia acabar. (yeah right!)
Eu segui a linha de Tomas More. Queria ornamentar os parasitas com folhas coloridas.

Ninguém me escutou, agora que aguentem.

Inesperado foi que uma mulher (ah as mulheres!), disse:
- Eu tenho este texto aqui, mas não acho que não é o certo.

Bom, vejamos... Não era o texto. Ela complementou

- Foi a mulher do xerox que me indicou.

(a classe caiu na gargalhada)

Um rapaz sabiamente perguntou, "porra, mas quem é a mulher que trabalha no xerox que agora pode nos indicar textos pras aulas?"

Fiquei imaginando o diálogo com a moça do xerox:
- Este texto aqui é ótimo, você devia pegra para dar uma olhada, fala sobre o histórico da luta sobre os direitos humanos desde a revolução francesa até as convenções da ONU.
- Boa, você pode me recomendar um texto de economia internacional?
- Pasta 46, um texto brilhante do Krugman, modelos macroeconômicos robustíssimos!

Uma versão acadêmica do Quentin Tarantino antes de fazer filmes.

quinta-feira, 15 de março de 2007

O futuro ex-ministro de turismo chama-se Walfrido dos Mares Guia. =]

terça-feira, 13 de março de 2007

Caco Galhardo

Quem lê as tirinhas da Ilustrada, na Folha, conhece. Eu leio todos os dias, há muito tempo, e digo que o Caco Galhardo é o melhor. O cara do Níquel Náusea também é do caralho mas sei lá, eu tenho um apreço pelos Pescoçudos, pelo Chico Bacon, pela Miriam Poodle. E principalmente pelo Julio e Gina, que lembram meus pais - já cheguei inclusive a deixar uma deles na geladeira de casa, pros dois lerem e se identificarem.

Ele até já citou Águas de Lindoia numa do Pequeno Pônei. Este, aliás, já teve curtas animados exibidos no intervalo do Adult Swim, faixa de desenhos adultos do Cartoon (nem precisava falar; era altamente recomendável há uns meses, agora não sei como anda).

Tudo isso é só pra recomendar o blog do cara, que eu redescobri num dos momentos de ócio internético aqui no trabalho. É engraçado e inteligente. O post "Porque aqui não se fala de política" , por exemplo, tem uma visão que bate muito com a minha.


Quem for assinante UOL, pode ver tbm a galeria, q mto provavelmente é genial.

Chico Bacon e Pica Pau, pra ilustrar.

domingo, 11 de março de 2007

No psiquiatra

- Então, conte-me um pouco sobre suas experiências amorosas.
- Ah dotor, são muito normais.
- Não diga! É o que mais ouço.
- Assim, sabe como são as coisas, conhecemos alguém, ai a queremos e assim vai indo a vida. O senhor pode me receitar aquele remédio das donas de casa americanas?
- Calma, precisamos cumprir algumas formalidades. Sua última decepção, qual foi?
- Olha, estava tudo bem entre eu e ela, de repente mudou tudo e ficou tudo mal. Simples, não?
- Por que você acha que isso aconteceu?
- Pra falar a verdade, suspeito que seja culpa de alguma cartomante desconhecida jogando contra mim em algum lugar deste globo. Os psiquiatras acreditam nelas, não?
- Lemos seus artigos quando sobra-nos tempo...
- Mas suspeito também que seja meu corte de cabelo. Ou naquele dia lembro que vestira minha cueca ao avesso.
- É, com roupa de baixo não se brinca, uma vez usei uma falsificada de uma grife famosa e fiquei sete anos sem mulher.
- Puxa vida, o senhor toma esses remédios também?
- Hoje em dia temos todos que tomar. Mas tem certeza que não havia nenhum motivo menos esotérico, ou menos têxtil?
- Olhe doutor, poderia enumerar muitos outros. Mas ainda o da cartomante é mais factível.
- Está certo, receitarei-lhe este aqui. tome 12 deles por dia, mas procure um trabalho numa multinacional também, assim pode complementar o tratamento. Esquecer um pouco desse mundo cheio de enigmas, sabe?
- Muito bem. Alguma penitência?
- Dez ave marias, vinte pai nossos, e vá fazer uma boa ação hoje. Esqueça essa moça. As cartomantes escrevem certo por linhas tortas.
- Nem me fale.
- Foram 200 reais.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Música ambiente

Tom Zé. Achei que se encaixava bem :


Se Você Já Sabe Quem Vendeu
Aquela Bomba Pro Iraque,
Desembuche.

Eu Desconfio Que Foi O Bush.
Foi O Bush,
Foi O Bush.
Foi O Bush.

Onde Haverá Recurso
Para Dar Um Bom Repuxo
No Companheiro Bush.

Quem Arranja
Um Alicate
Que Acerte Aquela Fase
Ou Corrija Aquele Fuso,

Talvez Um Parafuso
Que Ta Faltando Nele
Melhore Aquele Abuso.
Um Chip Que Desligue
Aquele Terremoto,
Aquela Coqueluche.


*(e eu acabei de ver, daqui do meu trabalho, todos os carros da comitiva do W . Duas limusines e vários carros estilo CIA que te perseguem no GTA; foi emocionante)

Por que mulheres não são engraçadas?

"Homem quer mulher como platéia"

Para ensaísta, pelo fato de o humor ser um sinal de inteligência, homens não querem que as mulheres sejam engraçadas

Christopher Hitchens diz ainda que a necessidade de fazer o sexo feminino rir ajudou a desenvolver o senso de humor dos machos

CHRISTOPHER HITCHENS
DA "VANITY FAIR"

Seja qual for seu gênero, você certamente já deve ter ouvido o seguinte comentário da boca de uma amiga que está enumerando os encantos de um novo pretendente (homem): "Ele é bonitinho, trata minhas amigas bem, sabe um monte de coisas e é super, superdivertido..." (Se você próprio é homem e conhece o sujeito em questão, com freqüência já deve ter se perguntado: "Divertido? Ele não reconheceria uma piada se ela lhe fosse servida sobre alface regada a molho "béarnaise'").

Mas eis uma coisa que você jamais vai ouvir da boca de um amigo homem que está elogiando os encantos de sua conquista (mulher) mais recente: "Ela é um doce-de-coco, tem vida própria, .... [pausa para a enumeração de atributos que não são de sua conta] e, cara, ela me faz rolar de tanto rir".

Por que isso? Quero dizer, por que razão isso acontece? Por que as mulheres, que têm o mundo masculino inteiro a seus pés, não são engraçadas? Por favor não se faça de desentendido -não faça de conta que não sabe do que estou falando.

Tá bom -experimentemos pelo outro lado (como disse o bispo à "barwoman'). Por que os homens, em média e como um todo, são mais divertidos que as mulheres? Bom, para começo de conversa, eles não têm muita saída senão ser engraçados.

A tarefa mais importante que o homem precisa desempenhar na vida é impressionar o sexo oposto, e a Mãe Natureza (como a chamamos, em tom de brincadeira) não foi gentil com os homens. Na verdade, ela equipa muitos de nós com armamentos muito parcos para encarar essa briga.

Um homem mediano tem apenas uma chance, e ela não é muito grande, então é bom que ele seja capaz de fazer a dama dar risada. Fazer as mulheres rir tem sido uma das preocupações cruciais de minha vida.

Se você conseguir levá-la a rir -estou falando daquela risada verdadeira, ruidosa, com a cabeça para trás e a boca aberta para expor todos os dentes, involuntária, plena, que vem do fundo da garganta; o tipo de riso que é acompanhado por espanto e uma leve (não, melhor -uma barulhenta) gargalhada de prazer- bem, então você terá pelo menos conseguido que ela se solte e mude de expressão. Não entrarei em detalhes.

As mulheres não têm a menor necessidade correspondente de agradar aos homens dessa maneira. Elas já agradam a eles, se é que você me entende. Agora temos o prazer de dispor de um estudo científico que lança luz sobre essa diferença.

Na Escola de Medicina da Universidade Stanford (um lugar onde eu certa vez fui submetido a um procedimento hilário realizado com um sigmoidoscópio), os pesquisadores seríssimos mostraram a dez homens e dez mulheres uma amostra de 70 charges em preto-e-branco e pediram que atribuíssem "notas" a cada uma, segundo uma "escala de graça".

Anexo, um exemplar da linguagem do estudo, conforme foi resumido na "Biotech Week": "Os pesquisadores constataram que homens e mulheres compartilham boa parte do mesmo sistema de reação ao humor; ambos utilizam em grau semelhante a parte do cérebro responsável pelo conhecimento e a justaposição semânticos e a parte envolvida no processamento da linguagem. Mas constataram que algumas regiões cerebrais eram mais ativadas nas mulheres. Estas partes incluíram o córtex pré-frontal esquerdo, o que sugere uma ênfase maior no processamento de linguagem e executivo entre as mulheres, e o "nucleus accumbens" ... que faz parte do centro de recompensas do mesolímbico."

O texto possui todo o encanto da tentativa feita pelo professor Scully de definir um sorriso, conforme citada por Richard Usborne em seu tratado sobre P.G. Wodehouse: "O afastamento e levantamento ligeiro dos cantos da boca, descobrindo parcialmente os dentes; a curvatura das rugas naso-labiais...". Mas, espere -a coisa fica ainda pior.

"As mulheres pareceram ter menos expectativa de recompensa, que, no caso, era a parte final da piada", disse o autor do estudo, dr. Allan Reiss. "Assim, quando chegavam a essa parte, ficavam mais gratificadas com ela." O estudo também concluiu que "as mulheres são mais rápidas em identificar materiais que consideram não ser engraçados".

Demoram mais a entender uma piada, ficam mais gratificadas quando isso acontece, são rápidas em identificar o que não acham engraçado -e para isso precisávamos da Escola de Medicina da Universidade Stanford? E, vejam bem, essas foram mulheres às quais se apresentou material de humor. Não surpreende que elas sejam menos capazes de gerá-lo.

Sinal de inteligência

Isso não significa que as mulheres sejam destituídas de humor, nem que não possam ser grandes humoristas e comediantes. Aliás, se elas não operassem no comprimento de onda do humor, não adiantaria muito nos matarmos para tentar fazer com que se contorçam de tanto rir. O humor, afinal, é sintoma infalível de inteligência. Os homens riem de praticamente qualquer coisa, muitas vezes precisamente por serem -ou porque eles são- extremamente estúpidas. As mulheres não são assim. E as comediantes e humoristas entre elas são incomparáveis: Dorothy Parker, Nora Ephron, Fran Lebowitz, Ellen DeGeneres.

Com ousadia extrema -pelo menos foi o que pensei-, decidi telefonar para Lebowitz e Ephron para testar minhas teorias. Fran respondeu: "Os valores culturais são masculinos; que uma mulher diga que um homem é engraçado equivale ao homem dizer que a mulher é bonitinha. Além disso, boa parte do humor é agressivo e preventivo, e o que existe de mais masculino que isso?". Nora Ephron não discordou. Mas, de uma maneira que me pareceu um pouco felina, ela me acusou de plagiar um discurso de Jerry Lewis que disse mais ou menos a mesma coisa. (Só vi Jerry Lewis em ação uma vez, em "O Rei da Comédia", em que na realidade quem era engraçada era Sandra Bernhard).

De qualquer maneira, meu argumento não afirma que não existem humoristas mulheres de bom nível. Há mais humoristas mulheres péssimas do que humoristas homens péssimos, mas existem algumas damas impressionantes lá fora.

Entretanto, se você olhar mais de perto, verá que a maioria delas ou é gorda, ou lésbica, ou judia, ou então um misto das três coisas. Quando Roseanne se levanta para contar piadas sobre motoqueiros e convida quem não curte seu humor a chupar seu pau -você está me entendendo? A facção sáfica pode ter suas razões para desejar o mesmo que eu desejo -a doce entrega do riso feminino. E o humor judaico, sempre fervilhando de autodepreciação e angústia existencial, é quase masculino por definição.

Substitua "autodepreciação" por autodefecação (termo que eu realmente ouvi sendo usado inadvertidamente uma vez), e quase todos os homens rirão imediatamente, nem que seja apenas para passar o tempo.

Mergulhe um pouco mais fundo, porém, e você entenderá o que Nietzsche quis dizer quando descreveu um chiste como sendo um epitáfio sobre a morte de um sentimento.

O humor masculino prefere que a piada seja às expensas de alguém e entende que a vida muito provavelmente já é uma piada em si, para começo de conversa -e, com freqüência, uma piada de muito mau gosto.

O humor faz parte da armadura que vestimos para resistir a algo que já é farsesco o suficiente (possivelmente não seja coincidência o fato de que os homens, fustigados pela natureza implacável, tendam a referir-se à própria vida como maldita). Enquanto as mulheres, abençoados sejam seus corações ternos, prefeririam que a vida fosse justa e até mesmo doce, em lugar da confusão sórdida que ela é. Piadas sobre consultas médicas calamitosas, visitas ao psiquiatra ou ao banheiro, ou então sobre desafogar as frustrações sexuais com bichinhos de estimação peludos, são do reino masculino.

Sem cura

Deve ter sido um homem que cunhou a frase "tão hilário quanto um ataque cardíaco". Em todas os milhões de charges que mostram um paciente desanimado ouvindo o veredicto do médico ("Não existe cura. Não existe nem mesmo uma corrida para chegar à cura"), você se recorda de uma sequer em que a paciente é mulher? Foi o que pensei.

Precisamente porque o humor é sinal de inteligência (e muitas mulheres pensam, ou aprenderam de suas mães, que podem ser vistas pelos homens como ameaça se aparentarem ser inteligentes demais), é possível que, de certo modo, alguns homens não queiram que as mulheres sejam engraçadas.

Eles querem as mulheres como platéia, não como concorrentes. E existe uma reserva imensa e transbordante de insegurança masculina que seria facílima de ser explorada pelas mulheres (os homens podem contar piadas sobre o que aconteceu com John Wayne Bobbitt, mas não querem que as mulheres o façam).

Os homens têm próstatas -que hilário!-, e estas tendem a fraquejar, assim como seus corações e seus pênis. Isso é divertido apenas quando se está em companhia masculina.

As mulheres não acham tão hilária sua própria decadência e ridículo físico, e é por isso que admiramos mulheres como Lucille Ball e Helen Fielding, que vêem o lado engraçado disso. Mas isso é tão raro que é como a comparação que dr. Johnson traçou entre uma mulher pregando e um cão andando nas patas traseiras: o espantoso é que sequer seja feito.

A verdade é que a estrutura física do ser humano é uma piada: o desmentido rude e irrespondível de qualquer baboseira que seja dito acerca de "desígnio inteligente". As funções reprodutivas e eliminatórias (cuja proximidade está à origem de toda a obscenidade) foram interligadas no inferno por algum subcomitê que não parava de soltar risinhos cruéis enquanto fazia seu trabalho ("Você acha que eles usariam isso?"; "Vão ser obrigados a usar, rarará").

A confusão resultante é a origem de talvez 50% de todo o humor. Obscenidade. É isso o que os clientes querem, como sabemos nós, humoristas ocasionais. Sujeira, e muita. Sujeira de montão. E eis outro princípio que ajuda a excluir o sexo belo. "Os homens obviamente gostam de humor chulo", diz Fran Lebowitz. "Por quê? Porque é infantil." Foque sua atenção nessa última palavra.
O apetite das mulheres pelo belo produto conhecido como Depend [nome de marca de uma fralda para incontinência urinária ou fecal adulta] é limitado. O mesmo se aplica a sua tolerância com piadas sobre ejaculação precoce. ("Precoce para quem?", pergunta uma amiga minha, indignada) Mas a palavra-chave é "infantil".

Para as mulheres, a reprodução é, se não a única coisa, com certeza a coisa principal. Isso, além de levá-las a ter uma atitude muito diferente em relação a sujeira e coisas embaraçosas, também as imbui do tipo de seriedade e solenidade diante da qual os homens só podem ficar estarrecidos.

Essa seriedade feminina foi captada por Rudyard Kipling em seu poema "A Fêmea da Espécie". Depois de observar que no caso do macho "o humor obsceno desvia sua ira" -o que se aplica à maioria dos trabalhos sobre o equivalente masculino ao dar à luz, que é a guerra-, Kipling insiste: "Mas a Mulher que Deus lhe deu,/ Cada fibra de seu ser/ Comprova que foi criada para uma única produção,/ Armada e projetada para a mesma,/ E, para melhor servir a ela,/ Para que as gerações não deixem de continuar,/ A fêmea da espécie precisa ser/ Mais letal que o macho".

A palavra "produção" é restaurada a seu significado de produção de filhos. Kipling prossegue: "Ela que é capaz de enfrentar a Morte por tortura por/ cada vida que nutre em seu seio/ Não pode tratar com a dúvida ou a pena/ Ela não pode se deixar desviar por fatos ou por gracejos".

A glória dos escravos


Os homens se sentem intimidados, para não dizer aterrorizados, pela capacidade das mulheres de gerar bebês. Ela confere às mulheres uma autoridade impossível de ser contestada. E uma das primeiras origens do humor que conhecemos diz respeito a seu papel em zombar da autoridade. A própria ironia já foi descrita como "a glória dos escravos".

Então podemos argumentar que, quando os homens se reúnem para fazer graça e não esperam que as mulheres participem ou que entendam a piada, na realidade o que estão fazendo é admitir implicitamente quem é que realmente manda. As festividades anuais da Saturnália, na Antigüidade, em que os escravos representavam os papéis de senhores, eram uma libertação temporária do domínio dos senhores. Toda uma parte do humor masculino subversivo também se baseia na idéia de que as mulheres não são realmente as chefes, e sim meros objetos e vítimas. Kipling enxergava a falácia disso: "Assim acontece que o Homem, esse covarde/ quando se reúne para argumentar/ com os outros guerreiros no conselho/ não ousa deixar um espaço aberto para a mulher."

Para as mulheres, a questão do divertido é secundária. As mulheres têm consciência de uma vocação superior que não é motivo de risadas. Enquanto isso, a um homem você pode dizer impunemente que ele é ruim de cama, ruim na direção ou no trabalho, e mesmo assim você o ferirá menos do que se o acusasse de ser deficiente em matéria de senso de humor.

A explicação do engraçado superior dos homens é mais ou menos a mesma que a do engraçado inferior das mulheres. Os homens precisam fazer de conta de que não são os criados.

As mulheres, essas astutas, precisam fazer de conta que não são quem manda de fato. É o acordo não-explicitado. H.L. Mencken descreveu como "a maior descoberta única jamais feita pelo homem" a compreensão de que "os bebês têm pais humanos -as mulheres não são inseminadas por deuses".

Você pode se indagar onde estava a cabeça das pessoas até essa constatação chegar a elas, mas sabemos de uma sociedade na Melanésia em que a conexão só foi feita recentemente. O raciocínio deveria ser que todo mundo faz aquilo o tempo todo, já que não há muito mais o que fazer, mas que nem todas as mulheres engravidam.

Seja como for, após determinada fase as mulheres chegaram à conclusão de que os homens eram necessários de fato, e o matriarcado à moda antiga chegou ao fim. As pessoas que vivem nessa posição precária não gostam de ser ridicularizadas, e as mulheres não devem ter demorado a entender que o humor feminino seria o mais devastador de todos.

Parto e criação


O parto e a criação dos filhos são a raiz dupla de tudo isso. Como bem sabe todo pai, a placenta é feita de células cerebrais que, durante a gravidez, migram para o sul, levando o senso de humor com elas.

E, quando o pacote finalmente é entregue, o lado engraçado nem sempre volta a se manifestar de imediato. Existe algo tão totalmente destituído de humor quanto uma mãe falando de seu filho recém-nascido? É impossível fazer com que ela se canse do assunto. Mesmo as mães de outros rebentos novinhos são obrigadas a se contorcer para não desmaiarem de puro e simples tédio. E, quando os pequeninos começam a crescer e ficar mais fortes, você conhece alguma mãe que curta brincadeiras feitas às expensas deles? Não. Foi o que pensei.

O humor, se quisermos encará-lo com seriedade, nasce do fato inevitável de que todos nós nascemos numa luta que estamos fadados a perder. As pessoas que correm o risco de sofrer dor e morte para trazer filhos à luz para viver este fiasco simplesmente não podem dar-se ao luxo de ser frívolas. Tenho certeza de que é em parte por isso que, em todas as culturas, são as mulheres que formam a população de base da religião, que, por sua vez, é a inimiga oficial de todo humor.

Um pequeno espirro que vira um chiado de peito, um corte minúsculo que infecciona, um féretro pateticamente pequeno, e o universo da mulher é reduzido a cinzas e ruína. Tente fazer graça com isso. Oscar Wilde foi a única pessoa que jamais contou uma piada decente sobre a morte de uma criancinha, e essa criancinha era fictícia, e Wilde (apesar de ter sido pai duas vezes) era gay. E, como o medo é pai de todas as superstições, e como as mulheres, de qualquer jeito, são parcialmente regidas pela lua e as marés, elas também se rendem mais facilmente a sonhos, a datas supostamente significativas como aniversários, ao amor romântico, a cristais e pedras, a medalhões e relíquias e outras coisas que os homens sabem que se prestam principalmente a zombaria e versinhos chulos.

Engraçadas na velhice


Existe algo pior do que ouvir uma mulher relatar um sonho que acaba de ter? ("E então Quentin apareceu ali, não sei como. E você também, de um jeito estranho. E estava tudo tão em paz..." Em paz?) Para os homens, é uma tragédia que as duas coisas que eles mais prezam -as mulheres e o humor- sejam a antítese uma da outra. Mas sem tragédia não haveria comédia. Quando eu disse à minha amada que teria que tratar deste tema melancólico, ela me aconselhou a me animar, "porque as mulheres ficam mais engraçadas quando envelhecem".
A observação me leva a crer que isso pode de fato ser verdade, mas, me desculpe -isso não é muito tempo para sermos obrigados a esperar?


Tradução de CLARA ALLAIN

Texto originalmente publicado na "Vanity Fair".
Copyright 2007 Christopher Hitchens.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Vamos a luta

Só a luta nos liberta.
"tamo aí na luta"

Afinal, o que é ir a luta?

Bem, quando nosso terno está virando estopa e temos que ir a um baile, quando devemos dinheiro no bar e precisamos pagar, quando há um amor que não nos corresponde e devemos ir atrás. São situações que merecem, digamos, um aprumamento. Podem ser grandes ou pequenas, cotidianas.

A Luta parte de uma mudança de conduta com relação ao mundo, e um aprumamento, Dizia Noel Rosa

"Agora vou mudar minha conduta, eu vou pra luta
pois eu quero me aprumar."

A luta não nos deixará todos iguais, nunca, ao contrário do que podem dizer. A mudança de conduta nos faz diferentes dos outros, por isso livres. E logo é algo permanente, pois ninguém será totalmente livre. É por isso que sempre devemos estar na luta.

Encerro meu caso.

domingo, 4 de março de 2007

Super Clássico

Semana que vem entram em campo, no Camp Nou, Barcelona e Real Madrid, para jogarem o que, na Espanha, é chamado de "Super Clássico" (fica mais legal se você imaginar o sotaque espanhol de um comentarista da ESPN).

Esse jogo, na Espanha, tem um peso gigantesco. Primeiro, são os dois maiores times do país, e as torcidas mais rivais. Além disso, o time do Barcelona nesse dia mais que nunca representa a região da Catalunha, a noroeste da Espanha, e seu sentimento libertário¹ em relação ao país latino e justamente contra o maior time da capital espanhola, o que "apimenta" o clássico.

Mas, para não falar dele, falemos de nós; qual é o Super Clássico brasileiro? Bem, esse jogo não existe, pelo menos não em dimensões nacionais. Corinthians e Flamengo, se sobram como maiores torcidas do país, faltam em rivalidade, e não houve nenhuma vez uma disputa entre os dois times por algum título importante².

Já, em dimensões estaduais, alguns clássicos ficam muito claros: Bahia x Vitória (Ba-Vi), Grêmio x Internacional (Gre-Nal), Cruzeiro x Atlético MG. Mas, nos estados onde existem mais de dois times grandes, a discussão pode dar muito pano para manga.

Não é à toa faço esse post hoje, mas sim porque nesse domingo ocorreu o Super Clássico do estado de São Paulo: Corinthians x Palmeiras, pelo campeonato Paulista.

Tá, Corinthians x Palmeiras só por que você quer? Não, existem explicações para isso.

A rivalidade entre times é histórica, é um fenômeno histórico. E a história recente, de 25 anos para cá, aponta que a maior rivalidade no estado e na capital é entre palmeirenses e corinthianos. Mesmo com o São Paulo tri-mundial nesse período, ele não conseguiu entrar no meio desses dois times (não que quisesse entrar). Nem as três eliminações nas libertadores de 94, 05 e 06 fizeram com que palmeirenses mudassem seu foco para o time tricolor.

Na década de 90, após a era Telê, Palmeiras e Corinthians tinham os melhores times da cidade. Três decisões seguidas em campeonatos Paulistas, uma em um brasileiro e alguns torneios menores, como o Rio x São Paulo fizeram com que a geração que tem a minha idade, hoje, e que torce para um dos dois times visse prontamente o seu rival maior. As duas eliminações do Corinthians pelo Palmeiras nas Libertadores de 99 e 2000³ foram decisivíssimas para a manutenção desse confronto com o Super Clássico Paulista.

Não querendo enganar ninguém: se for pela qualidade dos times, o super clássico ocorre semana que vem, no jogo Santos x São Paulo.

Mas, como disse, a rivalidade é um fenômeno histórico. Meu pai, santista, tem como maior rival o Corinthians, e seus amigos também preferem ganhar do Santos do que do Palmeiras. Vi, uma vez, no Debate Bola*, que o maior rival do São Paulo durante muito tempo foi o Palmeiras, por uma disputa de um título nos anos 70. Hoje, quem tem até 30 anos de idade sabe que o maior clássico do estado é Palmeiras x Corinthians, mesmo porque os momentos de superioridade do São Paulo foram sempre um tanto isolados, e sempre com triunfos internacionais (com excessão ao brasileiro do ano passado) - títulos que valem muito, mas que não criam rivalidades.

Porém, é sabido que a torcida corinthiana é a mais odiada, por todos os outros torcedores - então, pergunte para eles quem é seu maior rival, e a resposta será Palmeiras. Como diz o personagem do Lima Duarte, no Boleiros: "Você não sabe o que é um Corinthians e Palmeiras!"

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¹ Para quem não sabe, o Estado Espanhol foi formado da reunião de regiões do país - a mais rica, Castella, acabou impondo a cultura e sua língua - mas existem mais 3 línguas oficiais na Espanha, das outras três regiões que fizeram parte da unificação. A Catalunha e o País Basco são duas regiões que buscam, ou pelo menos gostariam de ter, sua unificação.

² Não que eu saiba, mas eu também não pesquisei.

³ A eliminação de 2000 foi, talvez, a partida mais importante para que a rivalidade mantivesse-se viva. Principalmente com o pênalti final, quando se encontraram os maiores ídolos de cada torcida, e Marcos, ídolo palmeirense, saiu-se melhor sobre o Marcelinho, fazendo com que o time alvi-verde triunfasse sobre o rival pelo segundo ano seguido.

* Doutor Osmar disse isso, e Marco Aurélio Cunha concordou, sem contestar.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

SobreNatural

Hoje cheguei em casa da faculdade e minha mãe estava vendo o SuperPop, aonde o "paranormal" do programa dizia que atores que fazem personagens ligados a paranormalidades, se tiverem um espírito sensível, podem abrir seus leques para a recepção de forças "sobre-materiais" e que, se esses indivíduos não tiverem a alma protegida, poderão receber só maus-espíritos e que teria problemas na "vida-de-verdade".

Ele até chegou a citar o maninho que faz a novela das 6, agora, que pegou pneumonia, viroses, já foi afastado das gravações várias vezes, etc.

O que, seria, então, uma alma protegida? Ele falava assim: "a alma tem que ser protegida por Deus". Uma convidada "atriz" que estava no programa perguntou: "e se ele for de outra religião, tipo budista?", e o médium dizia: "se ele for budista, ele vai meditar para encontrar Deus".

Ou seja, a resposta é Deus. Só que, desculpem-me alguns, mas existe a possibilidade de Deus não existir, em espírito ou como seja. Mas a fé existe, e é isso que o médium deveria ter falado - e não falou porque ele não quis, e não porque quis falar e se expressou mal.

A fé ajuda as pessoas porque as pessoas acreditam naquilo em que elas têm fé. Simples assim. A Igreja, seja ela qual for, ou a religião, só funciona se você acreditra nela, e, se você acredita, ela realmente funciona.

Lembro de um texto que li em algum momento na minha vida escolar que falava alguma coisa assim:

"As plantadoras de batata, ao plantarem as sementes, fazem uma dança ritual, e acreditam que o sucesso da lavoura está ligado a essa dança. Qualquer um de fora sabe que o sucesso de uma colheita futura está ligada a outros fatores, como o cuidado com a plantação e condições climáticas e do solo. Só que, ao fazer a dança, essas mulheres acreditam que a lavoura será protegida pelos deuses, empenham-se mais em seu trabalho, e, no final das contas, a dança influencia diretamente para o sucesso da colheita".

A fé funciona assim: uma vez que se acredita em alguma coisa, você melhora seu estado psicológico, o que faz com que você consiga realizar tarefas, e de fato viver sua vida, de uma forma melhor.

Existe um documentário sobre fisíca-quântica que deixa isso bem claro, e vai mais longe - toda a sua limitação física, está, de fato, na sua cabeça, e que, se você realmente acredita que pode fazer alguma coisa, realmente acredita, você poderá fazê-la; seja andar-sobre-as-águas ou voar - Matrix!

Uma coisa é certa - a fé pode, e provavelmente vai melhorar a sua vida. Seja em algum deus, na ciência, comunismo-revolucionário, o que for. O que diferencia o homem dos outros animais e que está presente em todas as sociedades humanas, é o fato do homem ter criado símbolos com significado abstratos e uma explicação para sua existência - o que chamamos de religião. É quase impossível imaginar que o homem possa viver sem essas duas coisas.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

A fantástica epopéia de Ulisses na Terra do Carnaval e sua fantástica alegoria no país do futebol - uma história do negro africano

De cada 10 sambas-enredo,

5 são sobre o descobrimento do Brasil e/ou índios
3 são sobre a África
1 é sobre a Língua Portuguesa
1 é sobre os 10 mandamentos, os 7 pecados capitais ou os 7 anões da Branca de Neve.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

O abandono do Bloco

Seguimos o bloco de carnaval. Foi a primeira vez que o fizera. Descemos as ruas, cantamos, ficamos tristes junto à banda, cabisbaixos junto àquelas pessoas delirantes, bebemos, ou seja, fizemos tudo que tínhamos direito.
As marchinhas mal cantadas, as poucas pessoas no bloco, a péssima cadência da percussão, tudo isso era perdoável. Carnaval é carnaval e se perdoa tudo, talvez algumas traições apenas sejam imperdoáveis, ou filhos ilegítimos, mas os filhos ilegítimos não chegam nem aos pés do que acontecera naquela segunda feira de carnaval.
Não passara muito tempo de caminhada, a banda, que era seguida por um carro de polícia, pára ao lado de uma discoteca. Sei que não se usa mais essa palavra “discoteca”, e que logo será eliminada dos próximos dicionários, mas no momento não sei definir aquele lugar. Foi aí que a banda chegou e o “mestre”, depois ordenar que a bateria tocasse um pouco em frente ao lugar, disse “vamos entrar galera!” e, indo junto com seus comparsas de bateria, nunca mais voltou.
Aquilo nos fez refletir um pouco, afinal, que raio de bloco de carnaval é esse que deixa seus foliões à deriva? E o que eles queriam que nós pensássemos daquele bloco, se a banda é dessas que entra numa festa para escutar música eletrônica?
Ficamos lá parados um tempo, completamente sem ação. Sem fé, sem esperança. Iríamos embora para nossas casas talvez, fazer o que. Sabíamos a nuvem de decepção que nos cobria, eles nunca iriam voltar, esses lugares dão drinques gratuitos para músicos, sabíamos disso, pois temos um amigo músico.
Na hora pensamos em tudo ser uma jogada publicitária: a discoteca organizava um bloco, e tentava promover seu nome. Devem ter pensado: "Ora, todos vão entrar lá, vão estar no embalo do carnaval". Sendo isso ou não a razão do abandono, não importava, para nós foi isso que pareceu, então era.
E se era, não deu certo, nós fomos embora melancólicos, sim, como todo bom fim de carnaval. Sentimos, no entanto, um gostinho de vitória contra as jogadas de marketing pois sabíamos que em muitos lugares do Brasil não se podia ter o mesmo gosto.

domingo, 18 de fevereiro de 2007

O fato é o seguinte:

acabei de encontrar em uma gaveta um texto que claramente foi escrito em uma máquina de escrever e seu titulo é: Introduão à informática.

eu achei isso bem bonito, agora o debate e a analise fica por conta de vocês

só estipulo uma regra, fica proibida a citaçao de Marques e Nitxe

quando vi Marques ser citado em uma discução sobre carnaval foi a gota de água

eu odeio intelectuais que ficam louvando essas duas figuras

sou ignorante mas fui eu que achei o texto, minha familia que garda velharias na gaveta, então eu proponho a discuçao como eu quisar

sem mais

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Nobre Carnaval 2

Sempre vejo esses livros aonde vários autores escrevem sobre um mesmo tema. Resolvi escrever sobre o carnaval também.

Para mim o Carnaval tem uma valor especial, que talvez seja difícil as pessoas entenderem. Porque a mairoia das pessoas querem saber de encher a cara e fazer festa no Carnaval, e eu, mesmo não podendo dizer que não gostaria de encher a cara (ou pelo menos dispensaria sem pensar uma bebedeira), não quero muito saber de festa, não.

Moro na avenida Paulista, e minha rotina é bagunça. Minha rotina é sair na rua e ver pessoas comuns, pessoas exóticas, barulhos diferentes, cores e formatos exóticos. Som, luz e energia estão comigo sempre - mesmo quando durmo com a janela-virada-para-rua.

Quando chega o Carnaval, qualquer pessoa escolheria viajar, e sair dessa zona nos dias em que se tem folga. Eu, ao contrário, fico. Não tenho problemas com minha casa, ou com minha cidade - realmente gosto de viver aonde vivo - e, no carnaval, quando todos viajam, a cidade de São Paulo, e especialmente a avenida Paulista fica com um ar de bairro; os bares, restaurantes e lojas continuam abertos, mas as pessoas andam com mais calma, bebem com mais calma, se divertem com mais calma. São essas horas sem-pressa que me encantam na semana de carnaval, mesmo ficando na cidade e fazendo atividades da cidade - só que como se meu dia tivesse 50 horas, e eu pudesse acordar a hora que quisesse.

Outros feriados não tem esse gosto. O Carvanal dá a impressão de que quem quer zonear, viaja. Quem quer se "divertir na calma" fica aqui, senta, pede uma ampola para refrescar o calor e vê a noite acabar sem pressa.

Nobre Carnaval

Todo o ano nesse período eu faço uma pequena reflexão em que me pergunto por que eu não gosto de carnaval.

Minha reflexão dura 14 segundos, e sempre decido ao final continuar não gostando do carnaval. Não chego nem a decidir, porque a dúvida nunca rondou minha cabeça. Apenas lembro porque não gosto. (há muitas coisas que não gostamos e não lembramos porque).

Será a aglomeração, o suor, a música alta, as reportagens televisivas sobre qualquer velhinha amante do carnaval, a pretensa unidade cultural do país, os chinelos quase sempre perdidos? Talvez. Será a falsa "despirocagem" de jovens virgens, a falsa "despirocagem" de pessoas não-virgens que perderam seus chinelos e estão bêbados? Pode ser. Será a mais completa exaustão do assunto "Carnaval" durante o período do carnaval em todos os meios de comunicação, todas as rodas de amigos, todos os meios familiares, todos os clubes narcóticos, alcoòlicos?

Certamente. Não aguento mais. Também não gosto dessa rendição incondicional para a diversão imposta pelo carnaval. E se eu quiser ficar triste na segunda feira de carnaval, quem vai me impedir, hein?

Acho o carnaval uma manifestação cultural curiosa. Sei algo sobre a história do carnaval, a origens e as tendências, sua relação com a identidade brasileira, e isso me basta.

Uma vez me disseram que era primitivo que um povo precisasse de uma válvula de escape como essa numa semana do ano. Válvulas de escape não são nada primitivas. Não critico o fato do carnaval ser uma expiação. Acho até bom o índio se vestir de senador do império. Há muita beleza nisso.

As pessoas no entanto, conseguem transformar algo que inicialmente deveria ser interessante em uma pisada no saco com chuteiras de trava.

Mesmo não tendo forças neuróticas para ser europeiamente contra as válvulas de escape, não vejo a hora de começar a quaresma.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Acontecimentos me fizeram pensar muito nas espectativas das pessoas.

Porque, por bem ou por mal, as pessoas vivem fazendo planos, pela simples precaução de evitar o sentimento desconfortável de ser pego de surpresa.

Então elas vão planejando tudo. Tudo. E todo mundo sabe o que acontece com o que se planeja: metade se esquece, outra parte não se usa porque nada ocorreu para que você pudese atuar da maneira que esperava e uma terceira parte, menor, acontece, a curto ou longo prazo, em ocasiões de grande ou de mínima importância.

Mas toda a precausão para evitar o desconforto de não ter uma resposta, vem, no fundo, do fato de que acreditamos que em nossas vidas existem momentos ordinários e momentos especiais.

Momentos ordinários são todos os momentos que não são especiais, aonde se é espontâneo.

Momentos especiais são aqueles momentos-chave para sua vida, aqueles que seriam como bombas-relógios e que, em 5 segundos, teríamos que dar uma resposta exata, senão acabaríamos com nossas vidas. Isso leva ao chavão de que "o tempo cura a tudo"; o tempo não cura nada, o que acontece é que as coisas que você realmente acha que são importantes não o são - principalmente na idade que eu tenho agora.

O que me faz lembrar que, de fato, resultados vêm a longo prazo. A agonia de resolver vem da impaciência de esperar que as coisas aconteçam mais ou menos da forma que acontecem mei ou menos no tempo que devem acontecer.

Então, as espectativas da sua vida são mais ou menos as seguintes:

1- imponderáveis do destino, momentos especiais aonde você vai ter pouco tempo para decidir a sua vida;
2- resolução de pendências, aonde você encontra as incertezas da sua vida e as resolve, sem esperar.

Errado. Você não tem uma consulta marcada com o resto da sua vida, e nunca terá, em sua cabeça, a capacidade de prever o que vai te confrontar durante seu percurso nessa vida. A espera é uma opção como todas as outras, e talvez seja até ousado esperar, já que os resultados aparecerão a longo prazo, mesmo que você tente descobrí-los agora.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Menino do Engenho

Das reminiscências da minha infância, a que tenho com mais clareza é a de minha mãe pedindo para eu trazer tudo o que é coisa para ela. De copo d'agua a pão na padaria da rua Piracuama, de produtos de limpeza a recados da minha prima Lili.
Aquilo me deixava encucado. Por que que ela não vai lá buscar? E curioso é que após eu ter crescido alguns anos, e virado um projeto mais ou menos acabado de rapaz, os pedidos foram diminuindo gradualmente, e nunca entendi por que também. Hoje entendo, é porque eu era um menino, e enquanto se é menino, é isso que se tem que fazer.
A tradição tem origem provavelmente no período colonial, no ciclo da cana de açucar. O engenho era uma estrutura social quase completa, economicamente, culturalmente falando. Num engenho tinha tudo. Mas nem tudo era perto. A capela ficava perto da casa grande, mas e se eu quisesse avisar o escravo Cosme lá na casa de purgar que a mulher dele o estava procurando? Não dava para ter empregados, porque num engenho não há empregados. Ou você trabalha num eito, temporariamente por um pequeno salário, ou é escravo. Quem não faz um dos dois ou é branco ou é menino. E como os brancos ficavam encarregados do ócio e da administração do engenho, os meninos é que faziam esses serviços marginais que literalmente consistiam em buscar e trazer coisas. O menino não é um escravo, o menino é um menino.
O menino é um agregado, pode ser um filho de escravo que quiseram que ficasse na fazenda, pode ser um filho ilegítimo do senhor de engenho com uma escrava.
Na Bahia, dado o hábito brasileiro das famílias não serem propriamente de sangue, mas de convívio, todos tem pelo menos um menino. Fica então o Jorge Amado sentado numa rede, vestindo uma camisa branca de renda, com uma calça e uma sandália de couro brancas, esquecido da vida, tranquilo. Quando quer alguma coisa, ele grita: "Ô menino, vem me buscar um suco e aproveita e diz pro velho José Paulino que o vigário quer todo mundo na procissão de amanhã!". E o menino vai.
Jorge Amado não explora ninguém, afinal, ele também já foi menino de alguém. É uma fase da vida. Nessa fase buscamos e trazemos coisas para os outros, é normal, e não é para se questionar. Na nossa ordem social o menino ocupa uma função social, enquanto nas outras sociedades ele fica brincando só. É cansativo, mas se temos um menino a disposição, porque não usá-los?
Na sociedade colonial, os meninos tinham sua primeira experiência sexual muito cedo, com uns doze anos. Vale perguntar se depois da primeira vez eles deixavam oficialmente de ser meninos. Isso eventualmente explicaria a pressa.
[Aos auntênticos brasileiros é válido se ter nostalgia da época colonial, só não podemos esquecer que tudo isso se misturava com a vergonha da escravidão, que nossa bandeira manchou-se de sangue por dois séculos.]

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Banditismo

Estava pensando nas vantagens de entrar para o mundo do crime após acabar uma faculdade.

Porque, quando se é bandido, você tem medo de ser preso. Mas aí com uma faculdade você fica em cela especial, o que já dá mais vantagem apra entrar no mundo do crime.

Quando falo de crime não falo de violência, porque é diferente. A não ser que você seja um matador de aluguel, um pistoleiro - aí é estiloso.

No crime tem espaço para todo mundo. Não há necessidade de "lutar pelo seu lugar" ou "ter que ser eficiente para não ser demitido" (é como dizem - "do mundo do crime não se volta"). Você não precisa passar em concurso público, por exemplo, para ser estelionatário. E o melhor: no crime você faz seu horário - vira autônomo. Trabalha quando quer.

E mesmo sendo autônomo você pode fazer carreira na vida do crime. Tem crianças que entram com 8, 9 anos, e realmente tentam fazer carreira (literalmente, até) e ser um profissional bem-sucedido.

Pensem bem, crianças.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Algumas verdades

O sexo move o mundo, disse sabiamente o post anterior.
Desenvolverei um pouco mais.

Um rapaz começa a estagiar no banco e de repente se vê completamente apaixonado por uma mulher madura que lhe domina assim como fez a sereia aos companheiros de Ulysses.
A mulher fica no décimo primeiro andar, junto com o xerox, e ele no terceiro. Advinha quem começa a se oferecer resignadamente para levar os documentos do departamento ao xerox?
O Chefe do departamento manda dizer a mulher madura para largar o rapaz, pois ele andava muito distraído esses dias.
Podemos inferir que o cotidianno de um trabalho num banco é muito monótono, entretanto, enquanto tomam café dois funcionários comentam entre si:

- Acho que depois dessa história do rapaz com a quarentona esse banco parece que ficou mais vivo, não?

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O sexo desilude as pessoas, ou as ilude. Depende muito da posição.
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Na casa Branca, todos estavam muito preocupados com o impacto que um escândalo sexual poderia causar numa sociedade ainda conservadora e religiosa. Ninguém queria esclarecer à imprensa como que uma secretária foi realizar sexo oral no presidente. A situação é análoga aos pais que não querem responder a pergunta "de onde vêm os bebês?" aos seus filhos. É simplesmente ridículo.
Para desviar a atenção, alguém teve a brilhante idéia de bombardear Kosovo, que, por infelicidade, só é uma referênciade duplo sentido para nós brasileiros.
Não é preciso dizer que foi tudo em vão, afinal um escândalo sexual com o presidente nem se compara com o massacre de minorias e maiorias étnicas em algum lugar fora do mundo livre.

tenho certeza que isso já foi usado exaustivamente como material no saturday night live. Mas é um bom exemplo que deveria ser repetido.

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A única coisa que move mais o mundo do que o sexo é a morte. A explicação para isso é que embora as pessoas tomem diferentes decisões influenciadas pelo sexo, elas ainda assim continuam a existir.
e quanto àquelas pessoas que morrem fazendo sexo?
Ora, ou uma mudança anula a outra e fica tudo como está, ou estaremos falando de uma dupla mudança, algo muito próximo a uma revolução.

Creio que esteja mais para a tese de que uma mudança anula a outra. No fim, morrer no ato sexual acaba sendo algo bem conservador. quer dizer, depende da posição em que se está.