domingo, 15 de abril de 2007

Sem Preconceitos

Eu desconfio de todas as pessoas que dizem não ter preconceitos. Por vezes ouço, em conversas nos corredores, alguém se vangloriando porque vai em festas GLS e por isso é muito liberal. Sinto uns choques no corpo quando, num determinado círculo social distinto, vejo pessoas dizerem que não tem problema algum com moradores da favela. A mim parece razoável que quando perguntarem se eu tenho ou não preconceitos, eu provavelmente vá responder: "não que eu me lembre, ou melhor, nenhum explícito neste momento".
Não é que eu seja cautelosamente fascista, sou até para padrões brasileiros, um progressista. Tento apenas manter a minha honestidade intelectual, por assim dizer. Corre por aí uma definição besta, de que preconceito é um pré-conceito. Não tem nada a ver. Se tenho um pré-conceito, assim que conseguir conceituar aquele objeto, através de minhas apreensões da realidade, substituo-o pelo "pós-conceito". No entanto não é assim que acontece, os preconceitos tendem a continuar mesmo depois de eu ver um baiano que não é preguiçoso, um homosexual que não é afeminado.
A rigidez dessas noções são reforçadas por estereótipos de várias ordens que se espalham por toda a sociedade, e logo, não há uma pessoa que não raciocine por meio de estereótipos, do contrário nossa velocidade de cognição seria equivalente a de processamento de um 486. Portanto, ninguém está isento de ter preconceitos, repito, ninguém está.

Agora o amigo aqui vai lendo e protesta: "eu tenho certeza que não tenho!". Ora, é melhor você pensar um pouco mais. Se está livre de preconceitos raciais, é já um grande passo, mas e quanto a preconceitos contra pessoas religiosas, crentes, ou quanto a pessoas de visão política conservadora, ou quanto aos amantes do pagode?

Há um espectro imenso de possibilidades de preconceito. Mais do que sua generosidade voluntariosa pode imaginar, mais do que seu progressismo de botequim conseguiria avaliar. Conseguir se livrar daqueles preconceitos mais tradicionais não significará sempre ter uma mente mais aberta que um senhor de escravos, seguramente. A lucidez de pensamento não aparece em nenhuma constituição, não é pedida em nenhuma lei, nenhum código, porém só ela poderá fazer uma sociedade mais aberta, visível e livre.

Dizer: "eu não tenho preconceitos" é uma forma de alienar-se, e assim alienado, envenenar as possibilidades infinitas de elevação da humanidade.

A razão pela qual as pessoas em dado momento, desejam se entregar a esses chavões, é porque perderam o gosto, perderam o gosto de ser livres e se sentir questionadas, instigadas a cada segundo por qualquer coisa que surja à frente, pela benção inestimável que é a dúvida e a crítica.

18 comentários:

Renato Siviero dos Santos disse...

Sem contar que é feio ser preconceituoso, e falar.

João Ortiz disse...

e sem contar que preconceito é crime.
e crime é coisa de preto.

A Esquesita disse...

Caramba!!!! Que texto bem escrito!
Só ficaria mais surpresa se não fosse do Diogo!

João Ortiz disse...

Vc está insinuando alguma coisa ?

A Esquesita disse...

Estou! Que o Diogo escreve muito bem!

Renato Siviero dos Santos disse...

Não esperaria outro comentário senão esse sobre um assunto com o que o Diogo levantou.

Parabéns, Anna.

Renato Siviero dos Santos disse...

E João, se você relacionar esse comentário dela com o do (Carpe) Diem, você já vai ter a resposta.

E é justamente o que você pensou. O que todos pensaram. Ou seja, na verdade, não precisa nem relacionar nada.

João Ortiz disse...

hahaha, cacildis.

A Esquesita disse...

Renato, eu acho que cada um tem seu estilo de escrita, e eu já li muitos textos do Diogo, todos os do blog dele e mais os deste blog, eu acho que já conheço pelo menos um pouquinho do estilo dele, e quando leio um texto que tem o estilo dele penso que foi ele que escreveu. Isso acontece também quando leio um texto do Ricardo Mito ou do Guilherme Pavarin ou até mesmo do Bruno Ferrari. Adoro o blog de cada um deles e me dedico a lê-los sempre que tenho tempo. Não quis magoar ou chatear ninguém deste blog! Adoro o que todos escrevem! Principalmente o João, sinto falta de seus textos.
E acho que assim como uns preferem chocolates brancos e outros ao leite, eu prefiro os textos do Diogo aos textos do Erick!
Sem mais.

João Ortiz disse...

FICAM ALGUMAS PERGUNTAS NO AR:

-Quem é Guilherme Pavarin ?
-E Bruno Ferrari ?
-O que o Erick tem a ver com chocolate ao leite ?
-Pq eu perco tempo lendo (e respondendo) os comentários da Anna Luiza ?

A Esquesita disse...

FICAM ALGUMAS PERGUNTAS NO AR:

-Quem é Guilherme Pavarin ?
-E Bruno Ferrari ?
"São ótimo escritores que possuem blogs, foi só pra falar que não gosto exclusivamente do Diogo, mas gosto de ler! E de ler bons textos."
-O que o Erick tem a ver com chocolate ao leite ?
"Citei o Erick e os chocolates só pra mostrar que não há nada de errado em eu preferir ler textos do Diogo a outros textos desse blog."
-Pq eu perco tempo lendo (e respondendo) os comentários da Anna Luiza ?
"Não sei, mas sei que o Luiza do meu nome é com "s" e acento no "i". Anna Luísa."

João Ortiz disse...

eu gosto mais de Luiza. E ponto.

A Esquesita disse...

Hahahaha....

Renato Siviero dos Santos disse...

Anna, não li seu comentário gigante.

Mas posso dizer que, infelizmente (para você) esse não é um blog do só Diogo.

Ele já tem o dele, e você conhece muito bem.

A Esquesita disse...

Eu sei Renato, não venho aqui para ler os textos só do Diogo. Venho para ler todos os textos, de todos vcs!
Mas eu gosto muito dos textos do Diogo! Poxa! Que mau há nisso?

Anônimo disse...

Renato tá com ciúme!

Anônimo disse...

O ÚLTIMO POST FOI DO DIOGÃO ANONIMO! E COM CERTEZA O DIOGÃO ESCREVE BEM MELHOR DO QUE TODOS DESSE BLOG, INCLUSIVE O RENATO...

Diogo Bardal disse...

que calúnia!