sexta-feira, 29 de junho de 2007

Friday

...and yet I have realised, wandering around the corridors of my brain, there is nowhere else I want to be but here, lying in the grass that covers my emptiness.



- Who wants to go out to drink tomorrow?
- I do.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

umbigüo

(no mcdonald's, a minutos de uma sessão no reserva cultural)
- A gente tá bem em cima do cinema, né ?
- Não, o cinema fica aqui do lado, atravessando a rua.
- A hora. Eu quis dizer em cima da hora do cinema.

Ana Paula de Oliveira

Todos sabem que a próxima revista Playboy terá uma foto bem grande da árbitra/bandeirinha Ana Paula de Oliveira na capa.

E todos os meios de comunicação relacionados ao futebol colocam em questão se ela deveria ou não posar nua. Várias questões, principalmente de cunho porfissional - como se ela vai perder autoridade dentro do campo ou até sua expulsão do quadro de juízes da FIFA - foram levantadas, mas ela não quis nem saber, e embolsou os $500 mil + $0,50 por revista comprada para mostrar suas formas, que já haviam sido apresentadas de forma bem mais discreta na revista VIP.

Uma coisa é fato: ela não é uma mulher bonita "nível Playboy". Não estou falando que ela é feia, longe disso, mas convenhamos que ela não é tão bonita quanto atrizes, modelos, e mesmos ex-BBB's que normalmente aparecem na capa.

A grande vantagem da bandeirinha é o meio em que trabalha. De fato, se você é homem no Brasil, você gosta de futebol, de alguma forma. Excessões existem, claro, mas é impossível você nunca ter se relacionado com o futebol de alguma forma, e o futebol não ter uma influência forte sobre sua vida.

Futebol sempre foi coisa de homem, e geralmente uma coisa que disputa a atenção do homem com suas prioridades e muitas vezes com sua mulher. Futebol e mulher, por muitos aspéctos, sempre, se não são excludentes, são no mínimo conflitantes.

A Ana Paula de Oliveira vai personificar ouma vontade antiga, principalmente para quem é mais velho do que eu: a mistura de futebol com mulher (e a melhor parte do conceito mulher, relacionada à sacanagem).

É por isso que ela atrai tanta atenção. O fato dela posar nua não denigre a imagem do futebol ou das entidades maiores do esporte - que, de fato, imagem que ela sempre ajudou a melhorar com sua aparência agradável dentro de um lugar marcado por emoções, suor e conflito - todos relacionados ao sexo masculino.

A Playboy dela não é um ataque, é uma benção.

Sem contar o lado dela; ensaios fotográficos desse tipo sempre são relacionados à diminuição da imagem da mulher, mas no caso da Ana Paula é quase uma recompensa. Tornou-se uma profissional conhecida pela sua capacidade e sua competência dentro do seu trabalho, tanto que não é uma má-bandeirinha. É legal imaginar que uma mulher pode ganhar fama pelo seu trabalho, e aí sim usar sua fama para ganhar bastante dinheiro.

E, diga-se de passagem, depois dela só vão faltar a Gisele, a Ivete e a Sandy...

domingo, 24 de junho de 2007

Dilemas

Você está na pista de dança. Você, como todos seus amigos sabem, ganhou duelos de dança por todo o mundo. Foi elogiado pelos melhores DJs com apertos de mão, e na verdade aquilo nem é nada demais, pensa.

Trata-se de fazer aquilo em que se é bom.

No entanto, quando seus passos e seus movimentos, movidos por um groove fora de série, começam a ganhar embalo e prestes a chocarem a sociedade brasileira com tamanha beleza e sincronia, chega, não mais que de repente, intrépida, ela.

Passa, te olha. Uma, duas, três vezes.

Na quarta pára, fita-te na alma e dança como se te desafiasse arrogantemente. Seus olhos quase não enxergam aquele milagre divino, aquele sonho - imagem tão inesperada que seu cérebro demora para processá-la. Passa pela sua cabeça o impossível, de que talvez, o rei = você, teria encontrado finalmente a sua rainha, sua Dona Maria. E juntos, vós poderíeis ter o mundo aos seus pés, aos seus pés e pernas de tão bons reflexos motores. E vem a dança da perna-quebrada, do caminhoneiro, do técnico em Tecnologia da Informação, do fax, e vós fazeis o mundo mais indolor, e os outros mais invejosos, mais perplexos, mas mesmo assim mais gratos por terem nascido.

Ela não deixa a desejar: rebola de forma às suas formas moverem-se mais hipnoticamente do que dançarinas-do-ventre com cobras; inclina-se para trás, encosta o cabelo no chão, dobrando os joelhos e voltando em riste como se batesse palmas (e enquanto também).

Um momento para se registrar. Ela tira, uma, duas fotos sua para guardar para posteridade o dia em que a dança passou de uma arte menor para uma arte superior, como a literatura épica. Você, o Gene Kelly do Olímpo, já derretido e ainda sem saber explicar-se, ou explicá-la, começa um esforço de interpretação, como a do greco-arcaico da Ilíada.

E forma-se o dilema, pior do que os dilemas das piores tragédias gregas e portuguesas juntas.

Pior do que o do rei pensando se mandaria matar Inês, que era amada pelo seu filho: "deveria eu ir falar com ela?". Oh que dilema, Deus, que dilema!

Mas antes que a trama se desenrolasse e os conflitos internos de todo ser humano tomassem conta de você, ela vai embora, e passa como um anjo, como uma brisa, e nunca mais volta. Tão impressionante que se você ainda não sentisse o impacto do acontecimento em cada célula de seu corpo não acreditaria que realmente aconteceu.

Malditos dilemas.


(historia verídica em homenagem a um personagem que podemos chamar de "Namarra")

sábado, 23 de junho de 2007

Corvos

Queria escrever um poema insultando todos aqueles que jogam contra mim, assim na crocodilagem. Tanto materiais quanto imateriais. aí achei este poema do augusto dos anjos, que é insuperável. entretanto um dia uso como paradigma esse poema e escrevo o meu próprio.

ASA DE CORVO (augusto dos anjos) [-_-]

Asa de corvos carniceiros, asa
De mau agouro que, nos doze meses,
Cobre às vezes o espaço e cobre às vezes
O telhado de nossa própria casa...

Perseguido por todos os reveses,
É meu destino viver junto a essa asa,
Como a cinza que vive junto à brasa,
Como os Goncourts, como os irmãos siameses!

É com essa asa que eu faço este soneto
E a indústria humana faz o pano preto
Que as famílias de luto martiriza...

É ainda com essa asa extraordinária
Que a Morte — a costureira funerária —
Cose para o homem a última camisa!

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Tirinha

Só pra parar de falar dessa ocupação, q eu não tenho a mínima paciência para discutir sobre. E fico entre achar legal, por sempre achar legal quem toma atitude para qualquer coisa nesse país de merda; e achar uma bosta, por 95% dos que estão lá são uns vagabundos que não vão contribuir com nada para o país - e também na maior parte do tempo quero que esse país se foda, na verdade


É para pararem de falar nisso q eu vou colocar uma tirinha do niquel nausea do caraleo.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Ocupação IV

Com algum atraso e uma febre alta, continuo o levantamento de dúvidas sobre o movimento de ocupação. A dúvida é sempre boa, posto que podemos contribuir logo depois.

Em primeiro lugar, A) a universidade não é nenhum deus, ou dogma da igreja. O modelo utilizado no Brasil é plenamente constestável. O uso da universidade reflete uma estrutura de classe, em que os mais ricos buscam monopolizar e garantir fluxos de renda futuros, assim como postos melhores de trabalho, restringindo por meio de uma titulação (USP) o acesso a um capital cultural, digamos. Aqueles que garantem seus fluxos de renda garantem o lugar dos filhos deles nas universidades no futuro. Ela, portanto, contribui para a reprodução de uma estrutura desigual, e para o subdesenvolvimento do país. Duvide de quem peça mais dinheiro para as universidades, mesmo se ele disser que irá usá-la para democratizar o acesso, baseado em algum princípio de socialista utópico renovado sob o nome de auto-gestão.

B) A greve no setor público pede regulamentação. Desde a constituição não se regulamenta a greve, que deve atender também ao princípio da continuidade dos serviços públicos, e por isso nunca se pode estabelecer limites a ela, tampouco negociação oficial de aumentos de salários. Hoje, é tudo feito à margem da lei, e essa desorganização é prejudicial ao ajuste de interesses conflitantes.

C) Achei engraçado um amigo meu comentar, que nas assembléias, instâncias representativas estudantis era comum o fenômeno da "tratoragem". Tratoragem é quando por algum motivo escuso, as votações são atropeladas, pautas não são colocadas, reuniões atrasadas, e isso fica surpreendentemente explicítio e ninguém comenta. O método de fazer pequenas assembléias em centros acadêmicos e depois ir para as assembléias grandes não garante a ponderação, e o conhecimento pleno das informações, por sua vez não garante a democracia. Não há controles internos políticos suficientes para garantir que as decisões tomadas por aquele grupo sejam legítimas. E digo isso por experiência própria assistindo assembléias.

D) Uma universidade pública, gratuita e de qualidade é, sem dúvida uma demanda conscienciosa, e essa demanda tem substituído a da revogação dos decretos, já que as ambiguidades dele estão prestes a ser esclarecidas e ninguém quer perder a motivação de ocupara reitoria (repito que se a revogação ou qualquer outro benefício acontecer, será pela articulação política da burocracia da universidade, e de sua rede de contatos, com as instâncias políticas do governo). Universidade pública pressupõe-se regida por direito público, além de ter um propósito público, pensar no bem comum, não em interesses particulares. regida pelo direito público ela é. Gratuita ela já é. De qualidade dizem que é, embora eu discorde. Então o que pedem, uma continuação? Precisa ficar na reitoria para pedir uma continuação?

terça-feira, 5 de junho de 2007

Ocupação III

A ocupação deveria ser denominada invasão.

"Ocupar" é entrar em um lugar vazio, sem utilidade. A reitoria foi invadida, pois ela funcionava antes de entrarem lá.

Porque a desocupação só vai ocorrer na marra.

Eu acho que a ocupação só acaba quando a Tropa de Choque der o ar de sua graça.

Isso porque nada garante que, se uma assembléia decidir pela saída da reitoria, as pessoas lá de dentro irão sair.

Assembléias de alunos decidiram sair de greve; eu não acatei a decisão, e contra minha classe, vou à aula.

Quem está dentro da reitoria tem o mesmo direito - e asism, permanecer lá dentro.

Se pessoas não tem onde morar (e isso é uma coisa que reivindicam), qual seria a motivação destas pessoas de deixarem o local onde não pagam aluguel, água e luz? Por pior que seja, é muito melhor que nada.

E mesmo que o governo prometa mais vagas no CRUSP, prédios demoram para ser levantados.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Ocupação II

O Diogo disse que vai postar algo terça ou quarta, então vou escrever sobre um ponto que às vezes as pessoas não pensam, e que para mim é meio lógico, mas precisa ser explicado.

Porque a greve não funciona.

A greve, em si, é um mecanismo de imposição de perdas.

No século XVIII, os trabalhadores, em busca de aumento de salário e melhoria de condições de trabalho, recusavam-se a trabalhar, gerando assim perda de lucro e depois prejuízo a seus patrões. Teoricamente, quando os custos de pagar as reivindicações tornavam-se menores do que as perdas geradas pela paralização da produção, o patrão escolheria dar as reivindicações aos trabalhadores, simplesmente escolhendo o que custa menos.

Porém, na Universidade, essa estratégia falha em vários pontos.

Com a parada do ensino, quem perde com isso são os alunos, que ficam sem ver a aula, e assim deixam de aprender (entende-se que é isso que eles vão fazer lá). Mas os alunos não são os patrões; pelo contrário, são os consumidores. É como se os trabalhadores (professores e funcionários) fizessem alguma coisa (como jogar lixo no ambiente de trabalho) para prejudicar a si mesmos (já que são os alunos que saem de greve); ou prejudicassem o consumidor (contaminando secretamente produtos, por exemplo), e nem de longe causando perdas para o patrões[tá, pode-se discutir aqui que a contaminação de uma mercadoria faria com que ela parasse de ser comprada, prejudicando o patrão - mas o exemplo diz respeito ao momento em que não se descobriu ainda o que causa doença nas pessoas].

Tudo isso porque, na Universidade, os trabalhadores não geram riqueza (capital); eles geram conhecimento. E o chefe não paga, porque quem paga são os contribuintes, que em sua maioria não são beneficiados pelos gastos dos alunos na faculdade. Ou seja, o único que perde com a greve é o aluno, que deixa de usufruir da sua posição privilegiadíssima, quase parasitária.

E não perde só o conhecimento, como seu tempo.

Soma-se a isso o fato de que em todo mês de maio de ano ímpar acontece uma greve, fazem pelo menos 7 anos. Ou seja, um instumento já inoperante teoricamente é desgastado por ser mais rotineiro que o ano bissexto.

Por que os alunos saem de greve, então?

A resposta, para mim, é porque alunos de primeiro e segundo ano (em sua maioria) são engambelados pelos grupos politiqueiros parasitas (esses sim) da universidade. Esse é meu terceiro ano na faculdade, e minha segunda greve; meu professor está na faculdade a 5 anos e é sua terceira greve, e o que eu vi na primeira greve ele disse ter visto na passada: as coisas não mudam. Não mudam porque, quem ganha com a greve não são os alunos (vistos que o modo de ação descrito aqui nunca poderia dar certo), mas sim esses grupos politiqueiros, que vivem da arrecadação de dinheiro de sócios e precisa aparecer todo dia de matrícula e primeira semana de aula na porta de todos os prédios da FFLCH.

domingo, 3 de junho de 2007

Ocupação - I

Depois da cornetagem do Diogo, escreverei um pouco do que eu acho sobre a ocupação.

Primeiro, deixarei clara a minha ausência em qualquer debate sobre a ocupação, ou Assembléia ocorrida na reitoria - isso não desqualifica minha opinião, não só porque só a mentira a desqualificaria, como porque eu posso ter opiniões e não participar das decisões por acreditar que o modo que essas decisões são tomadas não são válidas (é o mesmo caso da pessoas que votam nulo). Mas não é isso que eu vou discutir hoje.

Meu professor, Eduardo Marques, explicou sua visão sobre o que aconteceu, pela ótica da politicagem (eu não concordo nem discordo, por não saber o que acontece nesse âmbito): para ele, grupos estudantis fora do DCE (que é o Diretório Central dos Estudantes) - muitas vezes partidários - resolveram tomar a ação de quebrar as portas da reitoria e instalar-se por lá, mesmo contra a vontade do DCE (institucionalmente, dos alunos, já que o DCE é o representante do alunos), para mostrar que o DCE é inoperante, caso conseguissem alguma coisa. Além disso, desqualificariam o DCE e começariam a tomar decisões atropelando o Diretório.

Já fazem mais de 25 dias, e os alunos ainda estão lá. A pergunta é: quando eles sairão?

Os alunos começaram a greve e instalaram-se na reitoria motivados principalmente pelos famigerados decretos do Serra, que tirariam a autonomia das Universidades públicas, já que os gastos feitos pela faculdade deveriam ser reportados para uma secretaria recém-criada, para que essa autorizasse os gastos. De fato, lendo desse jeito, é difícil não dizer que não existe uma brecha constitucional para que o Estado controle a Universidade.

Porém, os reitores das três Universidades (USP, UNESP e UNICAMP) pronunciaram-se dizendo que não acham que os decretos tiram autonomia da universidade.

O que os alunos queriam, ao entrar na reitoria, era uma posição da reitora sobre os decretos. Está certo que ela não dá uma posição quando diz que eles não afetam a autonomia, mas está certo que isso não é justificativa para a invasão de um prédio público. Se tirasse a autonomia da faculdade, a reitora provavelmente não é a favor dos decretos - se não tirasse a autonomia, ela não tem problemas com isso, e a resposta estava dada - aposto que nenhum estudante lá se importa com a posição pessoal da reitora.

Dentro da reitoria, os alunos consequiram para si o melhor amigo e o pior inimigo: o apoio de outros grupos políticos-estudantís com outras reivindicações. Melhor amigo porque apoio político é sempre bom; pior inimigo porque, como sempre acontece, a ocupação, como manobra política, perdeu o foco. Ninguém garante, hoje, que mesmo que o Serra volte atrás e rasgue os decretos, as pessoas sairão de lá. Isso porque são grupos instalados, e grupos que tem reivindicações diferentes e que não precisam fazer nada além de continuar lá; As primeiras reivindicações discutidas pela reitora foram em relação ao CRUSP (Conjunto Residencial da USP), o Bandeijão e os Circulares do Campus.

Tá, e os decretos?

Tá, e as pessoas ainda estão lá.

Hoje, tudo isso é coberto pela mídia, que nunca quis saber de estudante universitário - eles querem saber é da Tropa de Choque. Os alunos já estavam há mais de duas semanas na reitoria, e só quando a Reitora conseguiu a liminar de restituição de posse que a mídia foi para lá. A presença da mídia só garante que o choque não mate todo mundo, num re-make dos quadrinhos de Frank Miller, 300 do Butantã, porque a ocupação já foi muito mal noticiada pela Veja.

Eu não vejo como isso pode acabar rapidamente; e provavelmente não acabará democraticamente. Só que, para mim, o problema não quando isso vai acabar, mas sim que, mesmo quando acabar, a faculdade ainda terá seus dois problemas principais:

1- Ela é elitista e excludente.
2- Ela consome muito e não devolve nada para a sociedade.

Sobre o segundo problema, eu ouvi uma explicação razoável - nenhuma Faculdade da Universidade pode fechar contratos com nenhum CNPJ; ou seja, as faculdades, nem se quisessem, poderiam ter acordos com grupos sociais, sejam eles do segundo ou do terceiro setor. Esse é um problema institucional da faculdade.

O primeiro problema é o pior problema da faculdade, e são poucos os grupos que estão dispostos a discutir isso - e nenhum toma ações em relações a isso. Estou aberto à troca de idéias.