sábado, 23 de junho de 2007

Corvos

Queria escrever um poema insultando todos aqueles que jogam contra mim, assim na crocodilagem. Tanto materiais quanto imateriais. aí achei este poema do augusto dos anjos, que é insuperável. entretanto um dia uso como paradigma esse poema e escrevo o meu próprio.

ASA DE CORVO (augusto dos anjos) [-_-]

Asa de corvos carniceiros, asa
De mau agouro que, nos doze meses,
Cobre às vezes o espaço e cobre às vezes
O telhado de nossa própria casa...

Perseguido por todos os reveses,
É meu destino viver junto a essa asa,
Como a cinza que vive junto à brasa,
Como os Goncourts, como os irmãos siameses!

É com essa asa que eu faço este soneto
E a indústria humana faz o pano preto
Que as famílias de luto martiriza...

É ainda com essa asa extraordinária
Que a Morte — a costureira funerária —
Cose para o homem a última camisa!

2 comentários: