sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Porcos-Cofre

Ganhei um porco, desses que servem de cofre, um dia desses. Mas não daqueles alegóricos, que têm uma tampa, que permitem a retirada do dinheiro; um de verdade, daqueles que só quebrando se tem o dinheiro.

Mas eu não sei quem foi a anta que inventou uma coisa dessas. Porque, se você joga o dinheiro dentro do porco, perde o dinheiro. A não ser que quebre o porco, mas aí perde-se o porco. De nenhuma forma se economiza.

A única forma de economizar, numa situação como essas, é não comprar o porco.

terça-feira, 24 de outubro de 2006

No meio de uma semana qualquer

Eu estava no ônibus. Um cara conversava lá na frente, falava alto. Aos poucos aquilo virou um discurso para todo mundo (antes ninguém escutava com quem ele conversava mesmo). As pessoas silenciaram aos poucos para ouvi-lo. Começou a falar com convicção sobre um monte de coisas religiosas e do espírito. Estranhei algumas passagens, mas não vou dizer que estavam erradas porque eu mesmo nunca li a bíblia.

Em certo ponto ele começou a dizer que às vezes uma mulher nasce em um corpo de homem. Falou que advogados podem nascer em corpos de médicos. Antes que ele pudesse dar mais um exemplo do tipo, o cobrador, que antes dissera "eu não entendo nada dessas coisas, não", exclamou, pouco antes de eu descer em frente ao prédio da Gazeta:
- E eu fui nascer justo cobrador!

Não foi a situação como piada [porque se fosse, teria sido previsível], mas o sorriso do cobrador que me desprendeu um pouco daquela sensação de cansaço e desânimo.

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Trazer Um Chimpanzé com Você

Sou um apaixonado por chimpanzés e outros primatas. Se fosse permitido por lei, botava um num terno ou paletó marrom e levava pra todo lado comigo, para ser meu parceiro mesmo. Impossível não fazer amizades interessantes assim.

E Eles definitivamente ficam mto mais elegantes que nós usando roupas formais. Nós ficamos estranhos. Humanos ficam bem apenas de camisa florida, bermuda bege e sapatos dockside.

sábado, 21 de outubro de 2006

Trecho de texto de um poeta ruim, que tenta fazer do seu fracasso um charme.

[...]
As traças já sentem falta dos meus textos
[...]

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

A Nova Gíria: Tá Sendo

Venha ao nosso blog e sugue um pouco do que está na fronteira do pensamento da juventude.

Por exemplo, há uns meses começamos a usar a expressão "Tá Sendo". Se você não usa, trate de ficar Up-to-Date.

Para entender o significado essencial desta expressão, vamos recorrer a alguém com verdadeira autoridade para explicar. O Ator que interpretava o Cabeção, de malhação, é de fama e competência inquestionável. Eu poderia ter pesquisado o nome de batismo dele, mas é que não precisa. Numa de suas famosas entrevistas conhecida por todos, ele, que estava participando de uma festa e estava "Muito loco" (outra gíria que, apesar da contenda em torno disso, sua fama se deve a minha pessoa) delimita a respeito da festa: "Foi, vai ser, Tá sendo". Deviam traduzir para o latim e colocar numa placa na fontana di trevi.


Reparem que Cabeção usa uma gradação defeituosa que é sublime. Foi, vai ser, tá sendo em vez de foi, é, vai ser. Ele não fez isso sem querer, foi deliberado de sua cabeçona. A gradação defeituosa é quase dialética, daí a beleza do trecho.

tese, antítese, síntese. Poeticamente a síntese do passado e do futuro é o presente. Assim cabeção afirma o ser pelo não ser, já que o presente e o passado não existem e só existe o hoje.

Se você é um partidário do hoje, comece a usar "Tá Sendo". Por exemplo, se estamos num jogo de futebol e ele já começou, dizemos que o jogo "tá sendo" (não se preocupe com a concordância verbal). Se algo "Tá Sendo" quer dizer não só que aquilo está acontecendo no presente, mas que ele está mais que acontecendo, que depois que acontecer terá sido, e antes de acontecer irá ser. Em outras palavras e resumidamente, aquilo que acontece é tão memorável e vale tanto a pena falar desse evento, que falamos dele antes, durante e depois de ele acontecer.

E de que evento vale a pena falar? De todos, se você é um partidário do Hoje.

Descobri que explicar gírias é contaminar-se da linguagem hegeliana.
Marx, que a dominava bem, devia ser um exímio criador e explicador de gírias. Não é a toa que séculos depois ainda se fala, acertadamente, em Mais-Valia.

domingo, 15 de outubro de 2006

Conversa entre gerações.

- Ok Vó. Se a senhora ficou tanto tempo separada do Vô por ter desmanchado com ele, e já estava até noiva de um outro rapaz, como que você casou com o vô e não com esse outro no final?
- Eu não casei com o outro porque ele tinha sido preso. E um outro dia, o tio da sua mãe veio me avisar no trabalho que o seu avô tinha machucado o dedo. Eu fiquei preocupada, liguei para ele, e aí voltamos a namorar.
- Como assim foi preso, vó?
- Ah, foi preso, não ouvi mais nenhuma notícia depois. Nem fui procurá-lo porque eu não ia continuar a namorar com alguém que estava preso. Mas acho que era inocente e os amigos é que tinham culpa.
- ah. (risos). O Vô queria voltara a falar com você e então mandou espalhar que tinha machucado o dedo para você ficar preocupada!
- Eu acho que foi isso sim, ele que mandou o irmão dele no meu trabalho. (risos)
- Nãaao, Nãaao imagine se eu ia mandar meu irmão lá! (Interrompia o avô inquieto querendo desmentir). Foi ele que quis ir lá para contar, por mim ela nem ficava sabendo.
- Ah, Vô, quem o senhor quer enganar? Está na cara isso. Há dois anos não a via, porque, burro, foi dizer que não estava pronto para casar e acabou sendo abandonado pela mulher que amava. Aí, lógico, ficou se lamentando porque viu que todos os seus amigos já estavam casando, e consequentemente parando de ir aos bailes que gostavam de ir. Não dava pra fazer outras amizades, ou iria demorar muito tempo. Como qualquer homem sensato pensou: Ah, agora vou casar também. Só faltava a oportunidade de retomar o contato com a vó. O corte no dedo veio como uma benção. Era só uma questão de que a notícia se propagasse.
- Ah! Foi nada! Por mim eu ainda estava indo nesses bailes, teria só juntado os trapos. (a avó o olha com olhar de reprovação, e ele fica sem graça)

O neto riu. Viu os dois e percebeu que entendia de algo absolutamente atemporal. Foi igual a todas as risadas que dera na vida

sábado, 14 de outubro de 2006

Etimologia

Chinoca:
Datação
1899 cf. CF1

Acepções
substantivo feminino
Regionalismo: Rio Grande do Sul.
1 china ('índia', 'cabocla') moça ou menina; caboclinha, chininha
2 china ('prostituta') jovem; chininha, piguancha

Aceguá:
município do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Pertence à mesorregião do Sudoeste Rio-grandense e à microrregião da Campanha Meridional.
Fundação 16 de abril de 1996

Área 1.549,522 km²
População 4.188 hab. est. 2006
Densidade 2,7 hab./km²