terça-feira, 14 de agosto de 2007

City Lights

"something in the way that blue lights on a black night can make you feel more"
MAYER, John.
Poetas sempre falaram da lua em seus poemas, e não poderiam fazer outra coisa.

Se há algo de mágico na Lua é que é o único corpo a emanar luz quando tudo está escuro; e como a poesia é anterior à luz elétrica, era impossível não focar seu olhar no detalhe dentro da imensidão negra.

(acredito, até, que a ida do homem a lua nada tem a ver com corrida espacial; ninguém que tivesse a chance de ir até lá poderia deixar passar, e acredito que governantes pensaram: reforma na previdência nada! a gente pode ir para lua!)

Eu não tenho nada de especial com a lua, mesmo tendo certeza que algumas das imagens mais bonitas captadas por meus olhos foram da lua.

O que me comove, mesmo, são as luzes da cidade. Talvez por ter vivido sempre na cidade grande, talvez por gostar das cores, mas acho que não dá para não reparar nos detalhes dentro da imensidão brilhante.

As luzes da cidade representam todo o desenvolvimento humano na Terra, a capacidade de criar que o homo sapiens sapiens teve, e tem, e utiliza até hoje, para criar o que a natureza não o fez, dominar o lugar que lhe é hostil. E a beleza das luzes dos prédios, das torres, antenas e janelas está, como na Lua, no seu mistério: todos sabemos o que têm lá, mas não sabemos como é feito direito, como viemos parar aqui.

Lembro de um amigo dizer que, quando estamos na cidade, ao invés de ver o mar, o pôr do sol ou as montanhas, vemos prédios e achamos bonito. Não poderia ser diferente - as luzes da cidade são a arte espontânea, que não é planejada para ser arte, mas que, como o pôr do sol, é pos si só impressionante, mesmo sem querer sê-lo.

Um comentário:

João Ortiz disse...

Gosto muito dos seus devaneios, renatinho.

Gosto bastante da Lua e das luzes da cidade tbm.