Comida chinesa
Dentro do biscoito da sorte encontrei a frase:
Suas mãos devem estar mais ocupadas que sua língua.
Não sabia que davam esse tipo de conselho.
Tentamos fazer um blog interessante.
Dentro do biscoito da sorte encontrei a frase:
Suas mãos devem estar mais ocupadas que sua língua.
Não sabia que davam esse tipo de conselho.
Por
Ricardo Mito
às
21:52:00
3
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Essa discussão é velha. Lembro de ter conversado isso com o João no primeiro ano, e ele também já tinha pensado isso.
A teoria conspira na incapacidade de saber se as cores são as mesmas para as mesmas pessoas.
É simples: ninguém pode ver pelo olho da outra pessoas. E como o nome das cores é socialmente definido, na impede de que o mundo tenha configurações diferentes para as diferentes pessoas.
As cores não são cores, são palavras. Imagine a "cor" A - ela pode ser vermelho no meu olho e azul no seu olho, mas se todas as pessoas forem ensinadas que o nome dela é "A", todo mundo vai entender, e não haverá conflito.
De outra forma: meu vermelho pode ser diferente do seu vermelho, porque cada pessoa é diferente uma da outra. Mas nunca saberemos, porque existe uma cor com esse nome (que pode ser diferente para as pessoas - e esse é o ponto) que as duas pessoas classificam como vermelho.
E aí não só para as cores - cheiros, sabores, sensações do tato. Como os nomes são convencionados, não há conflito, e nem mesmo comparação. E não pode haver.
Isso poderia levar a uma nova concepção de gosto - complicado e não desenvolvido (mesmo porque o que posto aqui é bem improvável).
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Renato Siviero dos Santos
às
16:10:00
5
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Essa obra é uma das obras mais interessantes que eu pude ver no meu curso de Históra da Arte da faculdade.
À primeira vista ela é "descolada" - mas na verdade é genial.
Antes: Velazquez é um dos maiores pintores espanhóis da toda a história. É, talvez, o maior expoente do Barroco (espanhol com certeza). Era pintor exclusivo de Filipe IV - o Grande. A época também é importante: governos absolutistas + contra-reforma em um país católico.
Mas o Barroco não é só religioso - é também a arte que começa a apresentar cenas mundanas, contidianas. Contidiano, mas a serviço, sempre, das elites dominantesº.
A genialidade do quadro é perceber como ele está sendo pintado - a referência espacial. E como você se coloca diante a ele.
Ah, o quadro representa uma garota da corte sendo "afeitada" pelas amas.
Como disse, à primeira vista ele é descolado: "oras, Velázquez colocou um espelho, e está pintando o que vê". Alguns aspéctos formais bem claros¹: o acentuado contraste entre claro-escuro para dirigir o olhar do espectador e a linha que separa a parte de baixo da figura (aonde se encontram a maioria das representações humanas) e a parte de cima (formados por quadros, o que seja) [essa "linha" está entre a porta e os quadros].
Porém um quadro chama a atenção. À esquerda da porta (em referência ao espectador) vemos um quadro mais claro. Como já dito, no Barroco, o que está "claro" é o que se deve ver. Ele não é só importante por estar claro; a representação saindo pela porta (ou entrando) parece apontar para o quadro.
Nesse quadro está a figura do rei Filipe IV e sua esposa.
Agora o que intriga: aquilo pode não ser um quadro, mas sim um espelho. [Naquele momento acabara de ser inventado o espelho plano, e pela primeira vez as pessoas podiam se ver sem deformações.] Pode ser um espelho porque nós não sabemos o que está sendo pintado na tela representada (aquele com a paleta na mão é o próprio²) - Velazquez pode "estar fazendo" um retrato do rei, e a tela reflete esse momento de criação. Ou não - ele está olhando para um espelho, e a tela que pinta dentro da tela é o que vemos na arte final, e o quadro é quadro.
A intriga é a parte genial, pois a dúvida está justamente no local onde estamos nós, observadores. Ou seja, "a dúvida somos nozes³". E a tela se interpreta pelo ponto de vista que você quer ter: você pode ser o rei, ou pode ser o espelho. Ou você é o poder, ou você só é reflexo desse poder (dessa sociedade). Ou você age, ou o que tem a fazer é observar*. Essa era a sociedade absolutista em que Velazquez vivia.
Bravo.
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º essa questão pode ser amplamente discutida - e eu mesmo não acredito em uma pejorativa tão dura - mas uma coisa é certa: a arte (e principalmente naquele momento; não que hoje não ocorra) reflete os valores da classe dominante.
¹ existem alguns outros aspéctos formais que não são tão claros - se tivéssemos um close da obra veríamos que Velázquez não pinta com o que vulgarmente chamamos de "contorno" - ele faz pinceladas rápidas, e o contraste entre as cores é o que delineia a forma das representações (ao contrário do Renascentismo).
² ele não andava com aquelas roupas normalemente, nem às usava para pintar. Aquela roupa é sua vestimenta de Cavaleiro do Rei** (é isso que a cruz vermelha significa).
³ erro proposital - ver "Árvezes semos nozes"
* frase da segunda edição - originalmente "Ou você age, ou você observa". Não existe prerrogativa revolucionária, ou de qualquer tipo de ação, na obra.
** nota: a vestimenta também é importante [mas coloco sua importância aqui, pois não pode ser compreendida sem a leitura total do texto - e eu não sei em que ordem vocês lerão as notas]. Velazquez não usava aquelas roupas normalmente, nem durante seu ofício. Ele poderia ter se vestido especialmente para esta ocasião (e assim se retrata diante um espelho - e você é o espelho) ou a usava por esta na presença do rei (e era de se esperar que usasse em momentos importantes - e com o rei todos os momentos são importantes - e você é o rei). Mas uma coisa é certa: ele está apresentando sua posição em sua sociedade.
[indispensável notar que não há charada - há interpretação]
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Renato Siviero dos Santos
às
00:15:00
11
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Hoje à noite sonhei com ela.
Ela era só minha.
E só lembrar me faz ter sono.
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Renato Siviero dos Santos
às
03:43:00
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Tá certo, eu paro de passar a mão em você.
Logo após você sair de cima dela.
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Renato Siviero dos Santos
às
19:04:00
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Declaração prática de amor
Veja, o amor de nós dois custa pouco. Está aí a justificativa econômica. Agora façamos como fazem hoje em dia depois de ouvirem a justificativa econômica: não perguntemos mais nada.
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Diogo Bardal
às
20:10:00
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... é a música que começou a tocar na rádio combinar exatamente com o momento.
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João Ortiz
às
13:57:00
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Lembro que estava um pouco atrasado, mas podia parar pra beber alguma coisa no caminho. Cheguei ao balcão (de um lugar sem nome) e pedi qualquer coisa que tivesse cafeína. Só quando a bebida foi colocada na minha frente olhei direito para a moça que me atendia. Era muito bonita. Só isso?, ela perguntou, é, dois reais. Dei cuidadosamente as moedas e nossas mãos se encostaram um pouco. Era muito bonita, mas acho que não lembro mais do rosto dela, lamentavelmente. Nunca mais a verei, é provável. Ela não me esqueceu - não chegou a reparar em mim.
Queria que ela tivesse olhado para mim surpresa, perguntando você não é aquele que escreve pro Chinoca do Aceguá?, sou eu mesmo, e aí começaríamos a conversar. Eu deixaria minhas tarefas atrasadas para outra hora e ela ficaria ali comigo até alguém chegar e pedir para ser atendido.
Mas saí de lá logo em seguida. E agora resta pouquíssimo: uma imagem meio vaga de sua face, sua voz nas quatro palavras que me falou e a sensação banal e sem importância das nossas mãos quase juntas, enquanto trocava moedas pela bebida que me deixaria acordado, inevitavelmente pensando nela.
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Ricardo Mito
às
03:23:00
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Lembrei hoje, sem motivo, como uma epifania:
"O Tejo é o rio mais belo que corre pela minha aldeia
Mas o Tejo não é o Rio mais belo que corre pela minha
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Renato Siviero dos Santos
às
23:06:00
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Uma madame com veias esquerdistas cruza a Oscar Freire com nojo das outras madames que nem sequer estão preocupadas com a desidratação das mãos dos pedintes.
Diz ela, salutar, que os pobres tem o seu próprio jeito de ser, e que é errado dizermos que eles são ignorantes, por falarem "crássicos" em vez de clássicos. O que importa é que tenham acesso a alguns livros úteis, desses best sellers de grandes empreendedores ou reader's digest. Ler é sempre bom. Mas que castigo também dar a eles os clássicos logo de início!
"Eles, continua sua inferência, são maravilhosos. Têm uma simplicidade na hora de ver as coisas, que eu, quando vou a minha manicure fico impressionada com os conselhos que a Neide me dá. E é uma filharada bonita de se ver.
É tão bonito o jeito de eles levarem a vida, tão rústico. Sempre que posso compro roupas das confecções produzidas em favelas, esse kitsch deles me fascina."
A madame diz não ter preconceitos de nenhuma ordem, mas sentencia: "Eles têm o estilo de vida deles, que eu admiro muito. Mas eu sou fraca, acho que não conseguiria viver a vida que eles levam não. Eles são muito fofos."
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Diogo Bardal
às
23:55:00
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Ajustem seus relógios para o horário de verão.
Agora são 15:21.
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Renato Siviero dos Santos
às
15:20:00
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