quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Cores

Essa discussão é velha. Lembro de ter conversado isso com o João no primeiro ano, e ele também já tinha pensado isso.

A teoria conspira na incapacidade de saber se as cores são as mesmas para as mesmas pessoas.

É simples: ninguém pode ver pelo olho da outra pessoas. E como o nome das cores é socialmente definido, na impede de que o mundo tenha configurações diferentes para as diferentes pessoas.

As cores não são cores, são palavras. Imagine a "cor" A - ela pode ser vermelho no meu olho e azul no seu olho, mas se todas as pessoas forem ensinadas que o nome dela é "A", todo mundo vai entender, e não haverá conflito.

De outra forma: meu vermelho pode ser diferente do seu vermelho, porque cada pessoa é diferente uma da outra. Mas nunca saberemos, porque existe uma cor com esse nome (que pode ser diferente para as pessoas - e esse é o ponto) que as duas pessoas classificam como vermelho.

E aí não só para as cores - cheiros, sabores, sensações do tato. Como os nomes são convencionados, não há conflito, e nem mesmo comparação. E não pode haver.

Isso poderia levar a uma nova concepção de gosto - complicado e não desenvolvido (mesmo porque o que posto aqui é bem improvável).

5 comentários:

A Esquesita disse...

Teria legal, não tinha pensado nisso antes.
Isso me lembra um amigo meu chamado Leandro. Ele é daltonico e custou a descobrir isso. O daltonismo dele só troca duas cores, então ele só as conhecia com nomes diferentes que nõs, não doltonicos, conhecemos.
Acho isso super interessante, mas bem improvável tbm.

A Esquesita disse...

Ops, a primeira palavra é "Teoria" e não "Teria".
Grata.

Diogo Bardal disse...

Se me permite algum complemento: o real, o que as coisas são mesmo na natureza, nesse caso as cores dos objetos, não pode nunca ser observado. O homem tenta apreender a realidade perceptível apenas, já que não tem acesso ao real. Os humanos só podem ver o mundo com os óculos de humanos, e um diferente do outro. A unica forma de fazer isso é por meio de conceitos, que é uma representação mental daquilo que se crê que é real. Então o conceito de azul é aquilo que nosso cérebro cria para designar o azul. O azul pode ser tanto uma dada pigmentação, que digamos,vai de tal concentração de substâncias químicas até tal, quanto pode ser uma faixa de energia eletromagnética. Mas isso quem define é o próprio ser humano, de forma convencional.

Bom aí pra sabermos se o nosso azul é azul mesmo, basta que confrontemos os conceitos com as apreensões da realidade. Se eu disser pra vc que uma coisa vermelha é azul, vc vai me dizer é azul, e se todo mundo disser que é azul, uma hora eu vou me convencer.
Ou então eu posso testar se o azul que eu percebi encaixa nos pressupostos convencionados do azul.

Mas ainda assim, nunca será possível dizer que algo é naturalmente azul, pois quem define isso é o homem. Por isso o mundo social é metafísico e não físico.

Essa é a idéia mais simples de verdade, o simples confronto dos conceitos com as apreensões da realidade objetiva.

João Ortiz disse...

Me traz boas lembranças essa discussão.

Renato Siviero dos Santos disse...

É importante dizer que o ponto não é se uma coisa é diferente para pessoas diferentes; ela é igual.

O fato é que a apreensão é diferente de uma pessoa para outra.