terça-feira, 7 de novembro de 2006

pós-modernidade à brasileira (deve ter continuações)

Uma madame com veias esquerdistas cruza a Oscar Freire com nojo das outras madames que nem sequer estão preocupadas com a desidratação das mãos dos pedintes.
Diz ela, salutar, que os pobres tem o seu próprio jeito de ser, e que é errado dizermos que eles são ignorantes, por falarem "crássicos" em vez de clássicos. O que importa é que tenham acesso a alguns livros úteis, desses best sellers de grandes empreendedores ou reader's digest. Ler é sempre bom. Mas que castigo também dar a eles os clássicos logo de início!

"Eles, continua sua inferência, são maravilhosos. Têm uma simplicidade na hora de ver as coisas, que eu, quando vou a minha manicure fico impressionada com os conselhos que a Neide me dá. E é uma filharada bonita de se ver.

É tão bonito o jeito de eles levarem a vida, tão rústico. Sempre que posso compro roupas das confecções produzidas em favelas, esse kitsch deles me fascina."

A madame diz não ter preconceitos de nenhuma ordem, mas sentencia: "Eles têm o estilo de vida deles, que eu admiro muito. Mas eu sou fraca, acho que não conseguiria viver a vida que eles levam não. Eles são muito fofos."

2 comentários:

João Ortiz disse...

"A filha da Fulana casou com um rapaz que trabalha de garçom... Não que eu tenha algo contra , acho super bonito o trabalho de garçom, mas é que...né ?"

Renato Siviero dos Santos disse...

João precisa postar mais.