domingo, 11 de março de 2007

No psiquiatra

- Então, conte-me um pouco sobre suas experiências amorosas.
- Ah dotor, são muito normais.
- Não diga! É o que mais ouço.
- Assim, sabe como são as coisas, conhecemos alguém, ai a queremos e assim vai indo a vida. O senhor pode me receitar aquele remédio das donas de casa americanas?
- Calma, precisamos cumprir algumas formalidades. Sua última decepção, qual foi?
- Olha, estava tudo bem entre eu e ela, de repente mudou tudo e ficou tudo mal. Simples, não?
- Por que você acha que isso aconteceu?
- Pra falar a verdade, suspeito que seja culpa de alguma cartomante desconhecida jogando contra mim em algum lugar deste globo. Os psiquiatras acreditam nelas, não?
- Lemos seus artigos quando sobra-nos tempo...
- Mas suspeito também que seja meu corte de cabelo. Ou naquele dia lembro que vestira minha cueca ao avesso.
- É, com roupa de baixo não se brinca, uma vez usei uma falsificada de uma grife famosa e fiquei sete anos sem mulher.
- Puxa vida, o senhor toma esses remédios também?
- Hoje em dia temos todos que tomar. Mas tem certeza que não havia nenhum motivo menos esotérico, ou menos têxtil?
- Olhe doutor, poderia enumerar muitos outros. Mas ainda o da cartomante é mais factível.
- Está certo, receitarei-lhe este aqui. tome 12 deles por dia, mas procure um trabalho numa multinacional também, assim pode complementar o tratamento. Esquecer um pouco desse mundo cheio de enigmas, sabe?
- Muito bem. Alguma penitência?
- Dez ave marias, vinte pai nossos, e vá fazer uma boa ação hoje. Esqueça essa moça. As cartomantes escrevem certo por linhas tortas.
- Nem me fale.
- Foram 200 reais.

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