terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

O abandono do Bloco

Seguimos o bloco de carnaval. Foi a primeira vez que o fizera. Descemos as ruas, cantamos, ficamos tristes junto à banda, cabisbaixos junto àquelas pessoas delirantes, bebemos, ou seja, fizemos tudo que tínhamos direito.
As marchinhas mal cantadas, as poucas pessoas no bloco, a péssima cadência da percussão, tudo isso era perdoável. Carnaval é carnaval e se perdoa tudo, talvez algumas traições apenas sejam imperdoáveis, ou filhos ilegítimos, mas os filhos ilegítimos não chegam nem aos pés do que acontecera naquela segunda feira de carnaval.
Não passara muito tempo de caminhada, a banda, que era seguida por um carro de polícia, pára ao lado de uma discoteca. Sei que não se usa mais essa palavra “discoteca”, e que logo será eliminada dos próximos dicionários, mas no momento não sei definir aquele lugar. Foi aí que a banda chegou e o “mestre”, depois ordenar que a bateria tocasse um pouco em frente ao lugar, disse “vamos entrar galera!” e, indo junto com seus comparsas de bateria, nunca mais voltou.
Aquilo nos fez refletir um pouco, afinal, que raio de bloco de carnaval é esse que deixa seus foliões à deriva? E o que eles queriam que nós pensássemos daquele bloco, se a banda é dessas que entra numa festa para escutar música eletrônica?
Ficamos lá parados um tempo, completamente sem ação. Sem fé, sem esperança. Iríamos embora para nossas casas talvez, fazer o que. Sabíamos a nuvem de decepção que nos cobria, eles nunca iriam voltar, esses lugares dão drinques gratuitos para músicos, sabíamos disso, pois temos um amigo músico.
Na hora pensamos em tudo ser uma jogada publicitária: a discoteca organizava um bloco, e tentava promover seu nome. Devem ter pensado: "Ora, todos vão entrar lá, vão estar no embalo do carnaval". Sendo isso ou não a razão do abandono, não importava, para nós foi isso que pareceu, então era.
E se era, não deu certo, nós fomos embora melancólicos, sim, como todo bom fim de carnaval. Sentimos, no entanto, um gostinho de vitória contra as jogadas de marketing pois sabíamos que em muitos lugares do Brasil não se podia ter o mesmo gosto.

3 comentários:

Anônimo disse...

Mas que otário, ficou batendo punheta em casa e perdeu uma noite de carnaval!!!

Diogo Bardal disse...

hehe. alto nível;

Renato Siviero dos Santos disse...

Bacharel...

Diplomata!